Estamos caminhando rápido, mas para
onde?
Na velocidade em que caminhamos sem
direção, angustiados para alcançar o que nos vendem como desejável, imitamos o
comportamento dos autômatos, máquinas programadas para executar tarefas
repetitivas, às pressas, cumprindo horários e agendas, sem questionar.
Agimos sem refletir, dominados pelo
medo do desemprego e do abandono nas redes sociais. Para aliviar a consciência,
delegamos aos que cruzam os nossos caminhos a culpa pelos nossos próprios erros;
empunhamos bandeiras que não conhecemos, por causas que não carregamos no
coração.
Já vai longe o tempo dos almoços em
família, dos risos fáceis, sem compromisso, das histórias das nossas avós,
contadas sem pressa, na emoção da velhice, idade fértil, que faz preciosos os
pequenos momentos. Tudo isso é passado, reminiscências de um Don Quixote,
Cavaleiro da Triste Figura, ser ultrapassado, que dobrou o Cabo da Boa
Esperança.
Vivemos a modernidade globalizada, onde
se abominam as pausas criativas, tempos sem glória, de almoços ao balcão,
engolidos aos quilos, sem o sabor da surpresa, sem apreciar a alquimia dos
temperos.
Estamos caminhando rápido, mas para
onde?
Acho que a idade me fez perceber que os
caminhos são curtos demais para tanta pressa! Prefiro apreciar a paisagem,
antes que o trem alcance a última estação.
Ensinava LAO TSE, no ‘Tao Te Ching”, o “Livro do Caminho e da Virtude”:
“Quem
respira apressado não dura
Quem
alarga os passos não caminha
Quem vê
por si não se ilumina
Quem
aprova por si não resplandece
Quem se
autoenriquece não cria a obra
Quem se
exalta não cresce.”
(Lao Tse. Tao Te Ching, o “Livro do
Caminho e da Virtude”, capítulo 24).
Jorge Araken Filho,
apenas um ser humano que se perdeu das palavras e as reencontrou, solitárias,
nos ermos do tempo.
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