segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Estamos caminhando rápido, mas para onde?

Estamos caminhando rápido, mas para onde?

Na velocidade em que caminhamos sem direção, angustiados para alcançar o que nos vendem como desejável, imitamos o comportamento dos autômatos, máquinas programadas para executar tarefas repetitivas, às pressas, cumprindo horários e agendas, sem questionar.

Agimos sem refletir, dominados pelo medo do desemprego e do abandono nas redes sociais. Para aliviar a consciência, delegamos aos que cruzam os nossos caminhos a culpa pelos nossos próprios erros; empunhamos bandeiras que não conhecemos, por causas que não carregamos no coração.

Já vai longe o tempo dos almoços em família, dos risos fáceis, sem compromisso, das histórias das nossas avós, contadas sem pressa, na emoção da velhice, idade fértil, que faz preciosos os pequenos momentos. Tudo isso é passado, reminiscências de um Don Quixote, Cavaleiro da Triste Figura, ser ultrapassado, que dobrou o Cabo da Boa Esperança.

Vivemos a modernidade globalizada, onde se abominam as pausas criativas, tempos sem glória, de almoços ao balcão, engolidos aos quilos, sem o sabor da surpresa, sem apreciar a alquimia dos temperos.

Estamos caminhando rápido, mas para onde?

Acho que a idade me fez perceber que os caminhos são curtos demais para tanta pressa! Prefiro apreciar a paisagem, antes que o trem alcance a última estação.

Ensinava LAO TSE, no ‘Tao Te Ching”, o “Livro do Caminho e da Virtude”:

“Quem respira apressado não dura
Quem alarga os passos não caminha
Quem vê por si não se ilumina
Quem aprova por si não resplandece
Quem se autoenriquece não cria a obra
Quem se exalta não cresce.”
(Lao Tse. Tao Te Ching, o “Livro do Caminho e da Virtude”, capítulo 24).


Jorge Araken Filho, apenas um ser humano que se perdeu das palavras e as reencontrou, solitárias, nos ermos do tempo.

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