A caverna está dentro de nós... Sócrates é uma ilusão:
Glauco sempre esteve sozinho...
A maior e mais perene das ilusões
humanas é achar que o ser humano merece ser "salvo". A caverna de
Platão é o nosso inconsciente, e Sócrates, uma ilusão que criamos para lidar
com o nosso próprio desamparo... Glauco sempre esteve sozinho, distraído com o seu Narciso interior! Ele não escuta nem
vê; só grita...
Fazendo um "loop" metafórico
nas curvas do espaço-tempo — a fim de conectar o passado e o presente —, eu
queria imaginar como seria a vida de Platão nos tempos modernos, com as redes
sociais... Ouso dizer que ele seria dissolvido pela mesma solução de normose e
hebetismo que nos corrói as entranhas... Depois de conhecer a história humana,
do seu tempo até os dias atuais, ele perceberia — deprimido, talvez — que é
impossível sair da caverna: ela é parte do que somos! Nós nunca seremos capazes
de enxergar a realidade sem o filtro das nossas pulsões e desejos...
Como disse o doutor Yu Tsun, antigo catedrático de inglês
na Hochschule de Tsingtao, no Conto “O
jardim de veredas que se bifurcam”,
“Prevejo que o homem se resignará
a cada dia a tarefas mais atrozes; breve só haverá guerreiros e bandidos” (“O Jardim de veredas que se bifurcam”. In:
Obras completas de Jorge Luis Borges: Ficções. — São Paulo: Globo, 1999. v. 1.
p. 45).
O que me serve de lenitivo — contra as
receitas do hedonismo virtual — é saber que o meu fatalismo não tem cura! Sou
apenas um homem doente...
Jorge Araken Filho,
apenas um coletor de palavras perdidas nos ermos do tempo.
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