quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Fingir o orgasmo, um dom feminino...

Fingir o orgasmo, um dom feminino...

O homem narcisista não se importa com as suas emoções e sentimentos, se você, mulher, por medo de perdê-lo, insegurança, piedade altruísta ou simples desejo de abreviar o martírio, fingir o orgasmo. Agora, se você deseja condená-lo à autoflagelação, conte-lhe que o gozo era fingido... Ele irá do céu ao inferno antes que você lhe diga o merecido adeus.

No caso do homem, o macho do Homo sapiens sapiens, a maior das arrogâncias é proclamar-se capaz de levar todas as mulheres ao orgasmo; ilusão é acreditar que consegue; tolice é não encarar a realidade para tentar transformá-la.

Nada de silêncio nessa hora, minha querida leitora! A autoestima do homem — geneticamente programada para ser intocável — precisa receber esse choque de realidade. Se o diálogo não resolver — trazendo novas posições e técnicas sexuais, desejos secretos e incomuns, preliminares mais picantes, o clima certo, envolvimento afetivo e carinho —, procure um médico, mas não abra mão do seu gozo, para afagar o narcisismo machista do seu marido ou namorado.

Os homens nascem, crescem e morrem com a fantasia de que são máquinas perfeitas para a arte do sexo, mas não sabem o que se passa na dimensão do gozo feminino. Muitos sequer se preocupam com o que se passa ao norte da sua vagina... Foda-se você! — É o que eles dizem aos amigos na academia.

Mas a propaganda masculina, normalmente enganosa — os famosos “na cama eu esculacho”“sou foda, borracha forte”“mulher, depois que dou madeirada, não fica de pé”, etc. —, esconde o medo atávico, carregado pelo cromossomo “y”, de não ser capaz de satisfazer, na cama, o sexo feminino, que ele deseja acreditar que é fraco.

O sexo, para o homem, é o maior dos troféus da sua masculinidade. Imaginar que uma mulher não sente prazer com ele — e logo na cama, o reino onde ele se autoproclama soberano — é pior do que levar chifre. Pode acreditar, ele prefere ouvir que você meteu um par de guampas na cabeça dele do que saber que você nunca gozou... Pior ainda, se você lhe disser que gozava muito com o seu ex... Aí é tortura, crime de lesa-masculinidade... Ele nunca mais será o mesmo.

Por isso, nada de fingir orgasmos! A vítima será sempre você. Ele se vira e dorme, candidamente, alimentando, em seu ego frágil e imaturo, a ilusão de que a deixou com as pernas trêmulas; quem fica na mão é você... na mão e nos dedos...

Acorda, amiga! Vai ajudar um bocado, se você tiver orgasmos. Ele jura a si mesmo que você goza o tempo todo... Ele se acha o cara, e você, validando a péssima atuação dele com gozos fingidos ou permanecendo em silêncio, torna-se cúmplice dessa farsa...

Na hora que você jogar o papo reto, do tipo olho no olho, fique atenta à reação dele: se começar a chorar, sentindo-se menos macho, você terá feito a coisa certa, e ele irá amadurecer, transformando a dor em humildade para aprender; se ele se revoltar, você terá se livrado de um machão, conquistando, de quebra, o sagrado direito de ter orgasmos com outro.

A vida é curta! O seu gozo fingido, uma mentira altruísta que nasce da misericórdia com o machão em sua cama, acaba por criar um homem tolo e uma mulher frustrada. Goze já ou mude de homem! Você pode e tem direito.

Jorge Araken Filho, apenas um coletor de palavras perdidas nos ermos do tempo.

Post Scriptum: Acordei assim, meio “arretado”, com o machismo desses homens que precisam anunciar performances ilusórias, para confirmar com outros machos que são muito machos...

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