quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Relaxa e goza no teu mar de giletes!

Relaxa e goza no teu mar de giletes!

A vantagem de sabotar o próprio destino é que, mais cedo ou mais tarde, você acaba conseguindo...  E na zona de conforto, na verdade um mar de giletes, o autossabotador relaxa e goza, imaginando que os perigos desse mundo desconhecido e caótico não compensam o prazer eventual que se teria arriscando outros caminhos.

O mais difícil é desconstruir a realidade, para criar um destino alternativo. Muitas vezes só o esgarçamento do ego, com a desconstrução das conexões que nos levavam à autossabotagem, pode dar à vida um significado que faça valer a pena sair da imobilidade.

Mas o que nos impede de reconhecer o nosso próprio desamparo na zona de conforto, perceber, enfim, que nada está bem nesse estado de letargia em que nos paralisamos ou, ao menos, que tudo poderia estar melhor e mais prazeroso, se ao menos agíssemos? O orgulho, a autopiedade ou a pulsão de morte?

Muitas vezes — bem mais do que admitimos —, o orgulho nos impede de admitir o fracasso, por maior e mais profundo que seja o abismo em que mergulhamos. Para não demonstrar fraqueza, vestimos uma armadura de titânio, para esconder um corpo frágil e descartável, que verte o sangue dos mortais, embora aparente ser forte e indestrutível.

Outras vezes, porém, é o sentimento de autopiedade que nos move. Desejamos capturar a comiseração do outro para a nossa dor, atuando, no teatro da vida, como coitadinhos que renunciam ao paraíso e decidem viver no Hades por vontade própria. A piedade que temos com o nosso próprio sofrimento precisa ser confirmada por todos, para nos dar razão, quando nos prostramos diante do fracasso.

Mas a razão mais frequente, para não pedir ajuda, é a pulsão de morte, que alimenta o circuito fechado da autossabotagem, até que o sujeito se torne o objeto do seu próprio desígnio de autodestruição. Quando se aniquila atinge o gozo e, não raro, destrói a própria vida, metafórica ou literalmente.

A zona de conforto é como um mar de giletes: quanto mais nos debatemos, mais nos cortamos. Autossabotagem é encontrar o gozo nesse inferno emocional, fantasiando-o como o paraíso.

Qual é, então, o mais perdido dos homens?

É o que não sabe a hora certa de pedir ajuda!

Jorge Araken Filho, apenas um coletor de palavras perdidas nos ermos do tempo.

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