Quando duas pessoas estão de acordo em tudo, uma delas é
manipulada!
O título, uma dessas epifanias que só a
maturidade nos concede, revela que as redes sociais, muito mais do que o
paraíso da interação entre os opostos, acabou se revelando o inferno da
manipulação virtual, o sepulcro da diversidade.
Vagam, nessas correntes de normose e ódio à alteridade,
essas vidas secas e miseráveis, esses dias mortos, vazios de significado,
plenos dessa homogeneidade sufocante, esse torpor que nos condena ao eterno
cotidiano das trivialidades e à repetição de velhos comportamentos que sabotam
a nossa felicidade, para gratificar os desejos de poder dos manipuladores.
Tempos de cólera aos diferentes, época de seguidores
cegos e ensandecidos que tentam nos impelir ao consumo do que não precisamos
verdadeiramente; era perdida e triste de seres encastelados em suas certezas,
de arautos da ética e da sabedoria que nos sufocam com os seus ídolos religiosos
ou políticos. Esse é um tempo de certezas que nos punem com o ostracismo,
quando nos aproximamos de nós mesmos, deixando de representar, na cena da vida,
nesse espetáculo de bufões, o papel da ovelha que sorri no abatedouro. O que
vale é a aparência do ser, e não a prosaica realidade do não ser o cara da moda...
Não desejo ser apenas mais um nesse universo
em desencanto, nesse mar de intolerância disfarçada de convicção. Não aceito
ser homogeneizado na mesmice, pasteurizado na futilidade, vivendo outras vidas,
longe do meu self.
Só quero estar longe dos humanos domesticados
e assépticos, castamente vestidos com a arrogância do politicamente correto;
cansei de ser prisioneiros de uma existência sem sabor, sem sons, sem cores e
sem a contemplação ociosa da natureza.
Vou duvidar sempre, resistir à homogeneidade
das escolhas; jamais irei abdicar da capacidade de refletir sobre os meus
caminhos passados, atuais e futuros! Geneticamente, esse é grande salto
evolutivo que me separa das amebas!
Nem tudo é como dizem ou como parece ser, nem
o consenso!
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