Por que trair é tão gostoso?
Ao escrever o texto, eu pensei na mulher que
me cativou ainda na adolescência, Emma Bovary, a personagem de Gustave Flaubert
que resolveu trair o marido, o médico Charles Bovary. Ela não era, nem de
longe, a mulher devassa que os maridos traídos costumam imaginar, enfurecidos,
quando descobrem que as suas esposas, outrora meigas e “decentes”, decidiram
compartilhar o corpo ou, pior ainda, o coração com outros homens.
Madame Bovary era a mulher romântica com quem você sonhou um dia, a jovem iludida a quem você entregaria o
coração sem pudores e amenidades. Eu mesmo, se me fosse dada essa honra,
tê-la-ia desposado sem medo... Linda e bem dotada de neurônios, ela simboliza o
arquétipo da mulher com quem todos os homens se casariam, a jovem casta, prendada, de boa
família, que, a pouco e pouco, vai perdendo a inocência, movida, talvez, pelo
desejo de viver os sonhos e aventuras românticas que a realidade brutal do
casamento foi castrando na rotina. Ela não era a puta triste das esquinas, nem
a amante que as esposas imaginam; era, sim, a esposa ideal ou, ao menos,
parecia ser. E o foi, até o dia em que começou a brotar, em sua mente
entediada, o gérmen da traição... Em um baile no Castelo do Marquês de
Andervilliers, em Vaubyessard, a sua vida de castidade começou a ruir e,
incentivada pela aguda parvoíce do marido, ela descobriu esse mundo de
excitações e lubricidade, a que ela própria se negara, ao desposar Charles
Bovary. Foram muito amantes... Rodolphe, León e tantos outros...
Não lhes direi o destino de Emma Bovary,
porque, malgrado a aversão de muitos aos textos com mais de 140 caracteres,
vistos como inúteis e prolixos, ainda existem bons leitores para os clássicos,
infelizmente raros, quase em extinção. A minha consciência de escritor, mesmo medíocre,
não me permitiria fazer spoiler com o
“amigo” Gustave Flaubert. Leia este clássico do realismo e conheça Emma Bovary,
a heroína do mundo hipócrita em que vivemos. Esse é, talvez, o maior libelo que
já se escreveu à estupidez humana! Por baixo dessa carapaça de hipocrisia e
farisaísmo, de máscaras e fantasias de pertencimento e honestidade, somos
patéticos em nossos desejos e paixões.
Para não perder o fio da meada, voltemos ao
objeto deste pequeno Ensaio: as delícias da traição, enfim, as recompensas que
ela proporciona, sob a forma de prazer, e que a tornam um vício incurável.
Depois do primeiro pênis ou vagina alheios, você nunca mais será o mesmo... Por
isso, quando o parceiro descobrir a sua primeira traição, poupe-se das promessas
de fidelidade que você jamais será capaz de cumprir. Depois que o gostinho do
amante impregna a sua boca sedenta de prazer, até a virtude prevarica, diria,
numa ocasião dessas, um outro amigo, o grande Nélson Rodrigues... Pena que ele morreu! É
verdade, meu querido leitor, eu tenho bons amigos na eternidade... Confesso que
só tenho aversão aos vivos; os mortos me encantam com sua santidade mística.
Mas voltemos ao assunto que nos interessa:
Você já se deu conta de que ninguém trai para
sofrer, mas para dar uma resposta — emocional ou apenas sexual — ao desejo de
se sentir desejado? É isso mesmo: desejamos que nos desejem! Essa é verdadeira
a raiz da traição. Quem trai quer se sentir desejado pelo amante.
E não importa, na verdade, que o marido ainda
manifeste algum desejo pela esposa, porque a experiência de prazer, quando se
trata do parceiro de casa, variando entre a rotina e a acomodação, já não
proporciona, com o passar do tempo, as múltiplas perspectivas da relação
extraconjugal. Falta aos casados, nesse cenário que precede a traição, o doce
sabor do proibido, do que fica insinuado na relação com o amante, a chama que
os parceiros, livres do casamento ou da relação oficial, costumam manter acesa.
Os casados, em regra, não se importam com o fogo do amor e da sedução, que se
apaga, não raro, sem que o marido e a esposa percebam.
Os amantes, justamente por não terem laços
conjugais, por não terem a obrigatoriedade da permanência por simples
“contrato”, mas pelo desejo e pela lubricidade, acabam mantendo acesa a chama
da sedução. É o cabelo, a roupa, a maquiagem, o perfume, o cuidado com as
palavras, o romantismo...
Os casados — homens e mulheres —, fustigados
pela implacável rotina, pela absoluta desnecessidade de seduzir o outro ou de
conquistar quem já está enlaçado, imaginam que o parceiro está preso no curral,
comendo o sal oferecido no cocho da acomodação; pensam eles que a vaca
amestrada suportará beber, para sempre, a água gelada desse longo e fastidioso
hábito a dois, chamado de casamento.
"Eu, Cinderela dos Contos de Fada, recebo-te
por meu marido, a ti, Príncipe Encantado, e prometo ser-te fiel, amar-te
respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da
nossa vida, e blá, blá, blá...”
Depois de um juramento desses, um verdadeiro pacto
de ingenuidade ad vitam aeternam,
sentem-se, ambos os nubentes, no sagrado direito de nada fazerem, para cultivar
a felicidade e o prazer do parceiro ou, ao menos, para que ele não perceba que
está encarcerado no curral e se entedie ou rebele. Afinal, o casamento, segundo
a Igreja, e neste passo o costume é milenar, é um sacramento, recebendo, assim,
o manto da sacralidade.
Acomodados nesse juramento sagrado, uma
promessa de vida e morte, os parceiros começam a negligenciar os pequenos
gestos e, a pouco e pouco, vão deixando de oferecer (um ao outro) a água
aquecida do mistério e do oculto. Progressiva, mas inexoravelmente, vai se
banalizando o quê do outro que ficava insinuado antes do casamento, quando os
nubentes eram pessoas livres, e não seres humanos aprisionados num curral que
fantasiam como lar. Depois do casamento e suas promessas ilusórias —
impossíveis de cumprir sem que os parceiros sejam sufocados pelo tédio —, o
mistério deixa de existir, e o outro, antes idealizado como Príncipe ou Cinderela,
começa a se revelar em sua infinita banalidade. Começam as flatulências e
desleixos, a tampa da privada que não permanece do jeito “certo”, as cenas do
cotidiano que irritam um ao outro, o falar com a boca cheia, o deitar-se no
sofá para assistir a um programa que não é consensual, as sogras e cunhados que
surgem sem convite, as amigas e amigos de um dos parceiros, em quem o outro não
confia... Desse momento em diante, a água esfria... Nada resta, no outro, que
alimente o desejo da descoberta. E é justamente esse mistério do outro — essa
pulsão de descobrir o parceiro, de imaginar o que ele faz depois da despedida
em um encontro — que oxigena a chama do amor e do encantamento.
Lentamente, vão-se tornando mais raros os
pequenos gestos de carinho, que estimulam a libido castrada em consequência do
desinteresse físico ou afetivo pelo outro. Num dia de ruptura emocional ou de tesão
incontrolável, a parceira ou parceiro, antes infiel apenas em pensamento, acaba vencendo o
medo de trair e pula a porteira do curral, caindo nas patas do touro do
vizinho, que é sempre mais gostoso e pirocudo ou daquela vaca tetuda e rabo na nuca que pasta na grama ao lado... Você não imagina como se torna verde o
jardim do vizinho, depois que o desejo supera o pudor moral! Nesse dia
fatídico, o traído descobre que nem só de sal vivem os bovinos...
A resposta à indagação do título — Por que
trair é tão gostoso? —, eu a darei ao final, não para fazer suspense, mas para
que você mesmo, refletindo sobre as suas experiências de vida, possa chegar à
sua própria conclusão, que, não por acaso, poderá ser a mesma a que cheguei.
Um bom início de caminho, em qualquer análise
minimamente despida da torrente caudalosa das emoções, passa pela compreensão
dos significantes e significados envolvidos no fenômeno que se pretende
decompor. Em nosso caso, precisamos saber o que é a traição, já que este, na
verdade, é o objeto da nossa análise.
Pensemos na traição, contudo, sem projetar
nesse processo as nossas próprias experiências como traidores ou traídos. Os
nossos afetos, carregando significados distorcidos, quase sempre distantes da
realidade, contaminam a exata compreensão do fenômeno. Por isso, abstraia os
chifres que você recebeu ou colocou nos seus parceiros pela vida afora. Sei que
é difícil, mas tente, ao menos, e a nossa viagem ao desconhecido será mais
edificante e produtiva.
O chifre é mais complexo do que você
imagina... Não é, apenas, uma noite de motel com a amante, paga com os
cinquenta reais da esposa ou namorada. Essa é uma conversa fiada da Naiara
Azevedo, criada para ganhar o seu dinheiro com shows. O buraco é bem mais
profundo do que revela esse reducionismo simplista e imaturo.
A amante pode não ser a puta que aparenta ser
(de fato, ela pode nem saber que o seu garanhão é casado), e você, a Cinderela
traída, pode não ser tão certinha e bondosa como nos faz acreditar ou, de
resto, como se ilude pensando que é ou, pior ainda, tentando parecer que é.
Ninguém é santo o tempo todo nem demônio por vocação hereditária. Esses são os
dois lados de uma mesma moeda, as duas personas
que nos habitam. A diferença entre essas máscaras humanas não está na santidade
ou na maldade em si, que sempre caminham juntas, mas no grau de consciência que
cada pessoa tem dessas duas facetas atávicas e indissociáveis da sua própria personalidade
e, em especial, do tempo em que cada uma delas domina as ações, reações e
escolhas do ego.
Comecemos definindo a traição, para que as
minhas palavras encontrem uma escuta mais perfeita no seu aparelho psíquico,
sem distorções semânticas que nos façam perder a sincronicidade de pensamentos.
Trair significa enganar o outro, fazer algo
sem o seu consentimento, ferindo o pacto de confiança que os parceiros assumem,
tácita ou declaradamente, quando aceitam a relação afetiva e, de forma ainda
mais acentuada, quando proferem o juramento de fidelidade canina diante do
altar sagrado.
Falando sem julgamentos morais, indevidos
numa análise fria da realidade, a conclusão é óbvia: ele simplesmente não está
a fim de você, se a traiu, com ou sem pesar na consciência! O que falarei daqui
por diante, embora se dirija às mulheres, apenas para facilitar a compreensão,
evitando referências de gênero, também serve como advertência aos homens.
O que direi, nesse instante, é a regrinha de
ouro do chifre: se ele a traiu, com ou sem pesar na consciência, com ou sem
amor à periguete do WhatsApp ou do Facebook, pode apostar que ele não a
ama! É assim e ponto final do romance! Não faça vírgulas depois de ser traída,
aceitando-o de volta por amor aos filhos, ao periquito, ao papagaio e, ainda
menos, por veneração ao pênis de ouro de quem o traiu. Mulheres e homens do meu Brasil
varonil, não existem pênis e vaginas insubstituíveis! Acreditem em mim...
Não quero ser moralista, nem antiquado, mas
devo dizer que a traição, não importa o seu motivo (relação desgastada, falta
de sexo, simples safadeza, etc.), representa a falsidade e a mentira, enfim, a
quebra da confiança, algo frágil, como a mais bela das flores. Poucos conseguem
realmente superá-la; a maior parte só finge, e muito mal. O mundo não gira mais
da mesma forma para quem foi enganado.
Lembre-se: trair e coçar é só começar! Se ele
já começou, esqueça-o. Vergonha na cara só se perde uma vez. Depois de passar algumas horas na merda, você deixa de sentir o fedor...
Mas antes que a autopiedade começa a trazer
lágrimas ao seu rostinho traído, vou falar com você, a mulher enganada, a moça
pura que se faz de coitadinha, a “donzela” que ficou em casa e foi a última a ser
informada do chifre.
Não acredite naquela conversa mole: — “Foi apenas sexo”; “foi só uma vez”; “não sinto
nada por ela”. “Estava andando de
patins e escorreguei na vagina dessa louca”. Não caia nesse papo, a não ser
que você goste de ser enganada! Tem gente que gosta de passar recibo de
besta... Se esse for o seu caso, vai desculpando a minha indiscrição.
Se você foi traída, esqueça a bondade humana
e não confie na regeneração da alma, que é até possível, eu diria louvável, mas
é mais rara de acontecer do que uma final de Copa do Mundo entre o Taiti e a
Tailândia. Deixe que ele se regenere para outra mulher sem amor próprio, como
você.
Se você foi vítima da paixão, e não enxerga um
palma adiante do nariz, eu tenho um santo remédio: tome alguns comprimidos de
AMOR PRÓPRIO, também conhecido pelo seu nome genérico: AUTOESTIMA!
Se esse remédio não curar o seu mal, tome
logo uma injeção de vergonha na cara. Pode apostar que isso resolve!
— Mas eu o amo! — Você me responde com as
defesas do ego já erguidas como
muralhas intransponíveis.
— Você não o ama! Pode apostar. Isso é
dependência emocional ou financeira; é falta de amor próprio, paixão obsessiva,
afeto intoxicado pela depreciação do seu próprio ego e pela projeção no outro das suas faltas, incompletudes e
ausências, que ele ilusoriamente preenche. Isso é falta de rola! é tudo, menos amor. A pessoa
que você não consegue-se tornar é projetada no parceiro, que, na sua fantasia,
completa a metade que lhe falta. Lamento desiludi-la, mas isso é paixão e
carência afetiva, e não amor!
Como já disse em muitos dos meus textos, apaixonar-se
é ausentar-se de si mesmo, para caminhar na ilusão do outro; é abandonar-se no
limbo dos renegados do amor próprio, para viver no ideal de uma vida que não é
sua. Metades incompletas que nunca se encaixam, como maçãs e laranjas que se
buscam na ausência, mas nunca se experimentam na completude.
Na paixão, as fronteiras do ego entram em colapso, fundindo-se um
ser humano na alma do outro, como duas metades incompletas e infelizes que se
unem na ilusão de formar um único ser plenamente realizado e feliz. Um idealiza
no outro o que falta em si mesmo, projetando nele, como espelho, os seus
próprios desejos e, eventualmente, as frustrações e desenganos, quando percebe,
no objeto dessa paixão, a ausência de tudo aquilo que fora idealizado.
Na paixão, nada tem limites, tudo se aceita,
tudo se tolera, tudo se perdoa.
Na maturidade, fruto que se alcança com dor e
sofrimento, com tentativa e erro, percebemos que a metade que nos falta está em
nós mesmos, ou deveria estar, e não no outro. Esse é o grande dilema da
condição humana: a incompletude está no meu próprio desamparo diante de uma
existência efêmera que caminha para a morte, pouco importa o desejo ou o medo
que eu tenho de enfrentar o último suspiro.
No amor, ao contrário, dois seres humanos
conhecem as fronteiras do próprio ego,
reconhecendo-se, mesmo sozinhos, como pessoas inteiras e felizes, que se
encontram num plano mais profundo, não para viver a ilusão de completude no
outro, mas para formar dois seres humanos ainda mais felizes.
No amor, tudo tem limites, nem tudo se
aceita, nem tudo se perdoa.
Minha amiga, amor é outro papo! O que você
sente é dependência emocional e falta de amor próprio. Cresça, amadureça e se
ame! Se não for possível amar-se, experimente conhecer-se, para, quem sabe,
encontrar o amor próprio que se perdeu na imaturidade. Depois, ache uma boa rola... e sente nela, para curtir a vitória!
Apaixonar-se, minha amiga iludida, é
perder-se de si mesmo no outro e pelo outro, sacrificando o que você é sem
máscaras e disfarces, para ser o espelho do outro, o ideal do outro. Amar, ao
contrário, é encontrar-se a si mesmo através do amor do outro, sem se perder de
si próprio.
Amar, enfim, é encontrar no outro uma verdade
sobre mim mesmo; é mostrar ao outro, no amor que sinto por ele, algo que ele
desconhece sobre si próprio.
No amor, não posso capturar o outro nos meus
desejos, nem acomodá-lo às minhas projeções. Quem ama não precisa matar a
essência do outro para existir, nem capturá-lo no seu desejo, para ser feliz.
Quer um resumo para iludidas, como você?
Paixão:
— Eu só gosto de mim, quando estou com você!
Você me completa. Sem você a minha vida não existe, nem é possível a
felicidade. Eu aceito qualquer coisa, para ficar ao seu lado, mesmo ser traída
e desprezada.
Amor:
— Eu
gosto ainda mais de mim, quando estou com você! Você desperta o melhor que há
em mim. Sou feliz sem você; contudo, seria ainda mais feliz ao seu lado. Mas
não espere que eu aceite tudo que vem de você, por melhor que eu me sinta
quando a sua vida toca na minha. Se me trair, não tente colar o cristal da
confiança.
Não entendeu? Vou ser mais claro: paixão rima
com desamor próprio; amor rima com autoestima; a paixão usa vendas nos olhos, o
amor, óculos de grau. Quem se ama, e não abre mão de si mesmo, não se apaixona
por ninguém; quem não se ama, e abre mão de si mesmo, não ama ninguém,
apaixona-se. Simples assim!
Apenas um jogo de palavras, mera questão
semântica? Você pode até se defender da minha fala: a ilusão é sua, e a
desilusão também.
Qual é a maior diferença entre amor e paixão?
A resposta é simples: a intensidade do amor ou desamor que você tem por si mesma.
A paixão pelo outro aumenta na proporção inversa do amor próprio.
Incondicional, minha cara leitora, só a
paixão; o amor exige respeito, diálogo e algumas condições. A principal delas é
não deixar de se amar, para amar o outro. O resto é só “paixão cruel, desenfreada...” — como dizia o Cazuza.
Mas quer mesmo saber a verdade? Ela dói,
rasga a ferida, mas cura a sua autoestima encarcerada no desamparo:
— Ele simplesmente não está a fim de você!
Quer que eu repita ou vou ter que soletrar?
— “Miga, sua loca”, ele simplesmente não está
a fim de você! Ele não quer comer a sua xereca! Deu para entender agora?
Posso ser sincero?
Você sempre soube quem ele era, mas foi
complacente; trocou a autoestima por um punhado de sexo ou por uma vida de
aparências e festas da moda, passeios no Shopping, sandálias da vitrine,
restaurantes e bares da Cidade! Não me venha com esse papo de mocinha pura e virginal,
que não sabia de nada. Todos os sinais estavam na sua cara, a começar pela
chave do carro, capciosamente pendurada nos cós do cinto do cafajeste... Se
você ainda não percebeu, a chave da Hilux ou da moto possante era o anzol para fisgá-la...
Mas você sempre perdoou o que não tem perdão,
sempre se fez de boba para não ser confrontada com a realidade. A sua negação
conformada, o seu silêncio resignado e complacente, fê-lo prosseguir, deu
combustível à perfídia do seu príncipe desencantado. Ele sempre foi assim, o
canalha sedutor, o bom vagabundo, o roludo, pica de ouro, o “safadão” que “fode” gostoso, que te joga
na parede e te faz de lagartixa. Cabia a você ter recusado as migalhas que ele
oferecia.
— Mas eu aproveitei, não foi de todo ruim! —
Você me confronta mentalmente.
— Ora, se você gostava dos restos que ele
jogava aos seus pés, não entendo a tristeza pelo chifre. Não deveria doer...
Até o desprezo dele seria menos cruel do que
a sua aceitação muda e condescendente da perfídia. É mais digno, ao ser
desprezada por quem você adora (isso não é amor, mas adoração), resistir com energia,
negando-se a aceitar migalhas, do que baixar a cabeça e se resignar, candidamente, com a
traição mais sincera que o traidor lhe dedica, que é a traição consentida pelo seu desamor
próprio de Amélia tristonha e autoindulgente. Essa é a falta de autoestima de quem aceita a infidelidade
do outro, a perfídia que envilece o traído com a sua própria complacência e
assentimento resignado. A autopiedade, depois da traição — a peninha de si
mesmo que precede, normalmente, o perdão —, é que corrompe o espírito do traído
e o acorrenta às escolhas do traidor. Mulher de verdade não é isso, não!
Ame-se ou viva prisioneira da paixão! A
escolha é sua, e não dele. Não o culpe, se ele continuar sendo apenas ele, um
ser humano cheio de falhas, contingente e mortal, e não a sua ilusão de
príncipe encantado. A chave está nas suas próprias mãos!
Ele simplesmente não a ama, e ponto! Mas isso
não faz de você uma pessoa sem encantos, que não mereça compartilhar com outrem
um amor de Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Abelardo e Heloísa. Apenas revela
a falta de autoestima que você, por carência afetiva, confunde com altruísmo.
Só não esqueça, ao encontrar essa “pessoa ideal”, que os personagens citados,
sem qualquer exceção, perderam as suas vidas tentando eternizar um amor
impossível e ilusório, congelando-o como algo intocável pelas diabruras do
tempo. Guinevere se tornou freira e Lancelot, um cavaleiro errante. Não é esse
o destino que você deseja, linda Cinderela! Mude o script, se necessário, mas não deixe que manipulem as cordas do seu
destino. Você não é idiota nem ingênua; apenas não se ama!
Cair da bicicleta é acidente, atirar-se na
vagina alheia é escolha! Acredite em mim. Sei o que estou falando...
Se você aceita, muda e resignada, a traição
dele, e o corrompe ainda mais com o seu perdão submisso, não reclame que as
sobras do banquete lhe são servidas já frias e sem gosto.
Diga-lhe sem medo:
— Dói menos o seu ódio sincero do que o seu
amor fingido! Depois, simplesmente o mande partir da sua vida, sem deixar restos
apodrecidos em você! Lixo emocional não se acumula, recicla-se com autoestima.
Essa fantasia de paixão obsessiva que você
vive, imaginando ser um conto de fadas, uma ilusão de amor correspondido, é
apenas o véu que encobre e deforma a realidade dos afetos, realizando
parcialmente o seu desejo de completude, mas servindo, na verdade, como fábula
para disfarçar a imensa frustração da sua vidinha tediosa e sem graça.
Desperte dessa ilusão de amor! Ele simplesmente
não está a fim de você.
Mas não caia na conversa mole do “gordinho da
Saveiro”! Ainda pior do que ter sido traída e desprezada, e isso não é possível
apagar da linha do tempo, seria deixar que ele percebesse que tinha razão em
sacaneá-la, enfim, que você prestava ainda menos do que ele e que, justamente por
isso, ele a traía como vingança preventiva e antecipada. Pelo menos você se
acha melhor do que ele... Eu tenho cá as minhas dúvidas. Não me faça ter certeza
de que você e ele se merecem.
Se a relação vai mal, abandone a tristeza, e
não o caráter! Converse, separe, grite sua dor, mude a direção, mas não engane
o outro. Seja digna, antes de exigir dignidade! Valorize-se, valorizando o
outro, e o descarte no lixo, se ele não for digno; não no seu lixo emocional,
que permaneceria recalcado no inconsciente, mas no lixo da primeira mulher sem
autoestima ou caráter que aparecer na vida dele.
Como eu disse, e haverei de repetir sempre, trair
e coçar é só começar! Por isso, não comece, nem aceite que comecem justamente
com você!
Amiga, tenha sempre uma coisa na cabeça,
quando ele pedir perdão de joelhos: ninguém escorrega na vagina de ninguém! Vergonha na cara só se perde uma vez. Não
jogue a sua no lixo.
Mas será que você está realmente apaixonada —
mesmo depois de ter sido traída, abandonada e desprezada — ou, na verdade,
sente prazer em sofrer por ele, como se a dor o aproximasse de você, ao menos
na sua autopiedade?
Acho que você se apegou à pedra no caminho e
acabou amando a sua própria dor.
Pare de olhar para trás! Você já sabe onde
esteve: só precisa saber aonde vai. Pense em se tornar você mesma, para
começar. Depois, é só criar vergonha na cara. A carência que não se faz
consciente torna-se destino!
Lembre-se do que eu disse algumas linhas
atrás: você não é idiota nem ingênua; apenas não se ama!
E nada de dar troco! Essa é a melhor
confissão de que ele atingiu o seu ponto fraco. Simplesmente o ignore!
Agora que você já sabe o que significa trair,
e já nos entendemos quanto ao significado emocional da traição, creio que o
passo seguinte talvez seja saber se você já foi contemplado nesse consórcio.
Cuidado com a proposta que irei fazer! Acho que você conhece o velho ditado:
quem procura, acha! Temendo a sua capacidade para lidar com a eventual
descoberta, eu lhe pergunto, antes de saciar o seu desejo: você quer mesmo
descobrir se o seu parceiro a trairia, diante de uma boa oportunidade? De agora
em diante, será por sua própria conta e risco...
Antes de tudo, sugiro que não lhe faça a
pergunta de forma direta, colocando-o no foco, mesmo hipotético, de uma eventual
infidelidade.
Se você indagasse, olho no olho, sobre a
disposição dele para traí-la, a resposta seria uma negação enfática,
provavelmente cínica. Ele posaria como vítima de uma “acusação” injusta,
“suspeita” que qualificaria de absurda e insana, invertendo a imagem de mulher
equilibrada e honesta que você pretendia passar com a insinuação, no mínimo
implícita, de que, ao menos você, não o trairia. Você seria reduzia à condição
de ciumenta obsessiva e paranoica. E ele ainda diria, com a cara mais lisa do
mundo e ar de indignação, que a mulher infiel costuma projetar no companheiro a
própria infidelidade, duvidando, sem razão aparente, da conduta do parceiro e o
acusando de traí-la, quando, na verdade, é ela que assim procede. Pode apostar,
minha querida leitora, que ele faria uma cena de novela mexicana, se você o
colocasse no foco...
Evite, por isso mesmo, a abordagem direta,
com perguntas óbvias ou insinuações tresloucadas. Use a perspicácia e dê ao seu
namorado a impressão de que o está afastando do foco das suspeitas;
aproxime-se, então, de forma sorrateira do tema da infidelidade, sem apontar o
dedo para ele. Como fazê-lo? — Você me pergunta.
É simples: experimente a técnica do
deslocamento de foco, detectando as suas eventuais reações sob a perspectiva de
terceiros, como se não o estivesse acusando de qualquer deslize, nem
suspeitando de que ele fosse capaz de gesto tão indigno, logo ele, um santo...
O principal, nessa técnica, é contornar, e não enfrentar, os mecanismos de
defesa do ego.
Sugira, por exemplo, que o namorado de uma
amiga qualquer a traiu. Mas escolha um homem que ele não conheça, ou ele o
protegerá com unhas e dentes. Pergunte o que ele pensa sobre a traição desse
homem, sem, contudo, expressar a sua angústia com tal atitude. Para lhe dar a
liberdade de ser sincero, enganando, com esse ardil, os mecanismos de defesa do
seu ego masculino, acrescente uma
pegadinha: diga-lhe, com indiferença, que a sua amiga, ao confrontar o
namorado, escutou, como desculpa para a infidelidade, o argumento de que o sexo
diminuíra entre ambos ou de que o estresse do marido, com o trabalho ou em
razão de problemas financeiros, tornara-o vulnerável ao assédio de uma colega gostosa
do escritório. Para não induzi-lo a criar narrativas ficcionais — que o
protejam de eventual suspeita —, fale de forma inocente e serena, sem
demonstrar as emoções e sentimentos negativos que você associa à traição.
Deixe-o liberar os seus próprios demônios... Afinal, ele estará falando do
outro, e não de si mesmo A possibilidade de que, ao ser excluído do foco, ele
expresse, enfim, as suas emoções verdadeiras não pode ser desprezada. De mais a
mais, não custa tentar... Você não tem nada a perder.
Se você o interrogar, diretamente, sobre um
tema tão delicado, colocando-o contra a parede, — Você seria capaz de me trair?
—, ele certamente entrará em modo de defesa, o que é natural nos humanos, e
criará uma narrativa fictícia (mentira), dizendo-se incapaz de fazer algo
semelhante. Sentir-se-á ofendido com tal insinuação. Contudo, se a pergunta for
indireta, tendo como ponto de partida a traição do namorado da sua amiga, para
ele um desconhecido, ou seja, algo que não o afeta emocionalmente, ele se
sentirá livre para falar o que pensa, embora não haja garantia de que ele não
perceberá a sua técnica ardilosa.
Quando a pergunta é emocional — Você é capaz
de me trair? —, a resposta tende a ser igualmente emocional — Você está me
acusando de alguma coisa? —, incluindo uma negação puramente defensiva, que não
reflete a reação que o seu namorado teria, eventualmente, se fosse submetido ao
assédio de uma gostosona do trabalho, uma do mesmo tipo da periguete que levou
o marido imaginário da sua amiga à traição.
A resposta do seu namorado — quando fala de
terceiros, e não de si próprio — tende a refletir o que ele pensa sobre a
traição e, consequentemente, se ele a considera aceitável em algumas
circunstâncias normais ou excepcionais. Mais do que isso, deixa, nas
entrelinhas, uma razoável hipótese sobre a sua própria resposta à pergunta de
um milhão de reais: ele estaria predisposto a trair, se as mesmas
circunstâncias surgissem na sua própria vida afetiva? Em outras palavras, se a
gostosona tentasse seduzi-lo, ele resistiria? Ou daria uma bela madeirada na
periguete?
Como regra geral, suspeite da fidelidade do
seu bofe, se ele disser que “todo homem
trai” ou que “homem é assim mesmo”.
Também não confie na sua lealdade, se ele lançar sobre a periguete a culpa pela
perfídia. Sabe aquela frase: “ela é cachorra,
e o cara não é de ferro”? É fatal! Chifre certo... Indica que se tiver
oportunidade, ele trairá. Outra resposta para deixá-la de orelhas em pé: “Não me surpreendo, pois eles já não se
davam bem nos últimos tempos. Ele disse que não tinham nem sexo”. Suspeite ainda mais, se
ele defender a traição do marido da sua amiga, usando, cinicamente, a velha
desculpa de que ela facilitou para a concorrência, quando não saciou os desejos
sexuais dele: “tem razão!... ela não dava
para ele!...”. Ao justificar ou minimizar a traição, ele fala, provavelmente,
de si próprio, denunciando, nesse discurso de defesa do outro, a sua própria predisposição
para trair. Ele só quer um pezinho... Quando você estiver sofrendo de TPM,
contorcendo-se de angústia, numa fase avançada da gravidez, ou simplesmente
indisposta, sem vontade de transar, ele fará o mesmo... E ainda dirá que a
culpa foi sua...
Usando a perspectiva de um terceiro, ou seja,
a narrativa fictícia ou real da sua amiga, você concede ao aparelho psíquico do
seu namorado o distanciamento crítico necessário para que ele seja sincero, ou
seja, a chance de expressar os seus desejos e moções pulsionais mais profundos
— assim como os afetos associados a essas pulsões — com menor resistência dos
mecanismos de defesa do ego.
Ao falar sobre os deslizes do outro, ele
provavelmente será sincero, mesmo falando de si mesmo de forma
inconsciente. Os comentários que o seu namorado fizer com relação ao marido da
sua amiga — um chiste ou uma palavra de leniência e até de intolerância — podem
ultrapassar as camadas superficiais da sua própria vida psíquica, revolvendo o
material que ele recalca no inconsciente e que, sob as mesmas condições de
temperatura e pressão lúbricas, poderá levá-lo, eventualmente, a não dominar o
impulso de também trair. Você dará liberdade às parapraxias do seu bofe,
permitindo que elas expressem verdades sobre ele mesmo, embora disfarçadas de
projeções sobre o namorado da sua amiga. Falando do outro, e não de si mesmo,
abre-se uma grande oportunidade para que as barreiras do ego do seu namorado se distraiam, ao menos temporariamente,
trazendo à tona alguns vislumbres do inconsciente, irrupções do id que jamais se verbalizariam num
confronto direto. Com insinuações e dedos em riste, os muros do ego se elevam às alturas, vedando o
acesso ao inconsciente, esse mesmo que modularia a eventual reação, inclusive libidinal, do seu
namorado ao assédio da “delicinha” do escritório.
Os afetos — amor, ciúme, nostalgia e dor —
que acompanham os nossos desejos sexuais, assim como o ódio, a cólera e o furor
que nos impulsionam à traição acabam-se revelando, como projeções, na narrativa
que expomos sobre o outro. Se ele possuir alguma predisposição para trair, e se
você deslocar o foco da “investigação” para o namorado da sua amiga, algumas
pistas — como as côdeas de pão da fábula de Joãozinho e Maria — acabarão sendo
abandonadas no discurso dele sobre o outro.
É só uma questão de foco: se for interno —
questionando se ele a trairia —, a resposta será de defesa, provavelmente uma
negação enfática e ressentida ou uma formação reativa; se o foco for externo —
indagando o que ele acha da traição do outro —, a tendência é de que ele seja
sincero, já que não estaria falando de si nem se autoacusando de eventual
perfídia.
A técnica do deslocamento de foco não garante
nada, mas é um indício significativo de traição no horizonte...
Seja qual for o resultado da sua experiência
com a técnica, não faça das suas conclusões uma arma! Apenas a utilize para repensar
a sua própria relação afetiva, revendo, sem descargas emocionais de autoestima
enlameada, as suas próprias atitudes dissociativas, esses descompassos
psíquicos em que as suas emoções, memórias e sensações mais dolorosas são
ocultadas da consciência por serem muito chocantes para o ego lidar. O traidor nem sempre é o único a contribuir para a
ruptura ou, traduzindo, você não é totalmente santa, nem ele, visceralmente
demônio! Pense nisso e, ao final, pergunte a si mesma: será que esta relação
afetiva ainda me gratifica ou a sua continuidade se deve à rejeição com a qual
não sei lidar e, em última análise, é uma resposta emocional à autoestima que
perdi com a traição do outro? Na maior parte dos casos, a única saída para um
relacionamento tóxico é a porta da rua! Saia você ou exija isso do parceiro!
Esse não será um ponto final nas suas experiências afetivas, mas, apenas, o
primeiro passo na construção de novos parágrafos com outras pessoas.
Essa técnica do deslocamento de foco (sempre
do interno para o externo) não serve apenas para os casos de traição, mas,
também, para outras situações, como saber, por exemplo, a predisposição do seu
filho para o uso de drogas, etc. Conte-lhe, na hora do jantar, que o filho de
um colega de trabalho foi flagrado com maconha na escola, e observe reação
dele. Se a resposta for algo do tipo: — “isso
é normal na minha escola. Nada demais... tenho vários colegas que fumam
maconha.” Ou ainda: “maconha não faz
mal.” — Recomendo que você dê mais atenção ao seu filho. Como disse acima,
a técnica não garante nada, mas enuncia uma boa tendência. Observadas em
conjunto com outros indícios, as respostas ao questionamento com foco externo
podem formar um quadro bem próximo da realidade psíquica da pessoa analisada,
seja ela quem for. Só não confie cegamente nesses indícios. Por isso, nada de
desespero!
Quanto a você, traidor detectado pela técnica
do deslocamento de foco, eu não pretendo fazer julgamentos morais, que me não
competem. Só desejo alertá-lo para algo significativo, a “Terceira Lei de Newton”, também
conhecida como “Princípio da Ação e
Reação”:
“A toda ação corresponde uma
reação de mesma intensidade e direção, porém sentido oposto.”
O chifre é um exemplo de ação e reação...
Por isso, ao trair a parceira, com a intenção
de refazer a sua própria autoestima, sentindo-se desejável, não se iluda com a
velha máxima: “o que os olhos não veem o
coração não sente”. Toda ação gera uma reação.
Na verdade, o que os olhos não veem, a
carência afetiva inventa ou uma amiga conta, não necessariamente porque deseje
o bem da sua mulher, mas para vê-la na sarjeta emocional. Sem a máscara da
hipocrisia, o choro da mulher traída pode ser um bálsamo para a amiga,
aparentemente solidária, que lhe dá o testemunho da perfídia. Os seres humanos,
em especial os que se dizem amigos solidários, sentem especial prazer em
anunciar o chifre alheio...
Seja como for, meu caro amigo, eu posso lhe dizer,
com razoável confiança, que o coração da mulher enganada é sempre ateu! Por
isso, não se iluda com o perdão da sua amada. Ela só armou o bote, para pegá-lo
na próxima esquina... ou para devolver o chifre sem piedade
Só o homem é cínico o suficiente para pedir
perdão à mulher que o traiu, e hipócrita o bastante para jurar que ainda
acredita nela...
E você não é homem? — É o que me pergunta,
com ironia. Eu já tive os meus momentos de cinismo e hipocrisia...
Mas voltemos à indagação do título: por quer
trair é tão gostoso?
Ora, porque trair é uma experiência de
prazer! Simples assim...
Ninguém trai para sofrer, mas para se sentir
desejado pelo amante. Esse é o barato da traição: a pessoa que trai suga a
autoestima do traído, recompondo a sua própria, perdida durante a fase de
desgaste da relação afetiva, que se inicia quando casamento morre de tédio, mas
permanece na alcova, apodrecido, insepulto e sem lápide ou epitáfio.
No relacionamento com a amante, a cobrança é
menor ou, em alguns casos, inexistente. Rola sexo gostoso e consensual,
dificilmente mecânico e por obrigação, como acontece — de ordinário — na
relação com o parceiro titular. Só passeios românticos, almoços animados,
lanches no motel, com uma pessoa sempre cheirosa, sem TPM ou mau hálito. Não
rolam aqueles papos chatos sobre contas a pagar, faturas de cartões de crédito,
sogras, filhos, cunhados, etc.
Meu caro leitor, ela o traiu porque é
gostoso! Simples assim... Você não imagina como é bom ser desejada por outro
homem. Pode apostar que ela não é a vadia psicótica que você anda pintando nas
redes sociais! O único motivo desse ressentimento é o chifre na sua cabeça.
Isso é dor de corno! Eu sei que dói, mas a boa notícia é que passa.
Enquanto você fica pelos cantos, coçando a
guampa, ela se diverte com o amante gostosão e bem dotado. E ela faz muito bem!
Aliás, você deveria fazer o mesmo... com outra, é claro. Mas separe antes, para
não ser igual a quem você destila tanto ressentimento.
Reaja como homem e pare de falar mal da sua
ex-namorada! Tá ficando feio... Deixe que ela se desconstrua sozinha.
A obsessão de amor foi sua, quando entregou a
sua única metade (completamente desamparada) à primeira mulher esperta que
soube interpretar o papel de Cinderela apaixonada.
Acorde, meu amigo! O chifre serve para
isso... Aproveite-o para ser menos carente de afeto!
Depois de descobrir a verdade ou, melhor
ainda, depois de enxergar o que sempre esteve diante dos seus olhos,
simplesmente perdoe ou se perdoe e siga outro caminho!
O perdão nem sempre alivia o sentimento de culpa
de quem é perdoado, mas torna mais prazerosa a existência de quem perdoa.
A verdade, para quem carrega o peso da culpa,
é que o erro cometido no passado, apesar do perdão sincero de quem foi ferido,
permanece impregnado na memória afetiva de quem magoou o coração alheio,
assombrando-o como um fantasma que arrasta atrás de si pesadas correntes. Como
todo sofrimento psíquico, o sentimento de culpa, quando irrompe na alma,
costuma ser avassalador. É difícil afastar a sensação de que nos tornamos
pessoas miseráveis e indesejadas.
Perdoar é difícil, mas só precisamos perdoar
uma vez. Logo em seguida ao perdão, experimentamos a liberdade e a cura do
ressentimento e do ódio que nos prendia à dor que nos foi causada.
Quem concede o perdão sincero fica com o
coração leve e se liberta; quem é perdoado aprisiona-se à piedade de quem
perdoa. E da consciência pesada ninguém se desprende. Ela viaja conosco...
O perdão é uma escolha que, de ordinário, só
pacifica o coração de quem perdoa.
Por isso, perdoe! O remorso tornará ainda
mais pesada a culpa de quem foi perdoado... Mas isso é problema do outro com a
sua própria consciência. Só ele mesmo pode se perdoar...
Os erros que cometemos, as pessoas magoamos
são caminhos sem volta. É impossível retornar no tempo... Qualquer mudança,
qualquer compensação estará no presente, e não apagará o que foi feito. Mas o
perdão — necessário para seguir em frente — deve vir de você mesmo, porque o
sentimento de culpa corrói mais do que mágoa do outro.
Se for você a carregar o fardo da culpa, não
deixe para amanhã, simplesmente deixe para lá! O que não tem remédio, remediado
está. Perdoe-se!
Contudo, se for você a perdoar as atitudes do
outro, lembre-se de algo importante: perdoar não significa reviver o passado
trágico como farsa! Simular o perdão é possível; acreditar no traidor novamente,
jamais...
Nélson Rodrigues dizia que ninguém deve se
apressar em perdoar, porque, segundo o nosso “Anjo Pornográfico”, “a
misericórdia também corrompe”. Mas o perdão, quando bem simulado, faz
despertar o remorso em quem é perdoado, algo que dilacera o humano que ainda
existe no outro; e essa vingança, através do perdão, dá um prazer danado a quem
perdoa...
Perdão sincero? Se não puder dá-lo de
coração, que seja fingido... Quem sai ganhando é você. O perdão, mesmo quando
não torna o seu ressentimento menos doloroso, resulta em prazer: afinal, o
remorso alheio não tem preço... Mas volto a dizer: perdoar não significa
reviver o passado como farsa!
A verdade do chifre machuca, mas liberta!
Ele a traiu?
Tem certeza de que não é paranoia?
Então, agradeça, perdoe e, o mais importante,
diga adeus para sempre!
Ele a traiu porque é gostoso ser desejado, e
o fará novamente toda vez que o desejo de elevar a própria autoestima for maior
do que o recompensa de permanecer fiel a você.
A dor é ainda maior, o caso da traição,
porque você sente falta do amor que nunca teve, a não ser nas suas ilusões. A
expectativa desfeita cria uma ferida narcísica difícil de ser cicatrizada.
Nessa hora, a primeira coisa que se perde é a autoestima e, depois, a
capacidade de confiar nas pessoas. E essa é a pior das cicatrizes deixadas pela
traição.
De tudo o que eu disse, amigo leitor, resulta
uma inevitável realidade: quando a dor e o tédio por permanecer fiel forem
maiores do que o medo e o pudor de trair, você trairá, se a oportunidade de
prevaricar, sedutora como o canto das sereias, bater à sua porta. Diante de uma
pessoa que nos deseja até a virtude prevarica...
Não faça promessas que não será capaz de
cumprir!
Jorge Araken Filho, apenas um
coletor das experiências humanas, dos enganos e desenganos, das alegrias e
tristezas, dos silêncios eloquentes e falas inexpressivas do Homo sapiens, a mais abominável das
espécies do gênero Homo, a única que
mata por prazer e chama sexo de amor.
Este é um testemunho do bom trabalho de um homem que me ajudou a fazer meu casamento funcionar novamente. De repente, minha esposa detestou o sexo. Tentamos todos os métodos. Nenhum trabalho ficou tão ruim que ela teve que se mudar com as crianças por 12 anos e 3 meses de casamento. Eu tive que procurar ajuda fora da caixa. Em um dia fiel, enquanto estava navegando na Internet, estava procurando uma solução. Encontrei uma série de testemunhos sobre esse lançador de feitiços chamado DR.WEALTHY Algumas pessoas testemunharam que ele trouxe seu Ex back, alguns testemunharam que ele pode lançar um feitiço para impedir o divórcio. Etc. Havia um testemunho em particular que vi: era uma mulher chamada Maria Jose, de Atlanta, EUA, que testemunhou como a DR.WEALTHY trouxe de volta o marido em menos de 72 horas, o que me deixou intrigado. Depois de ler tudo isso, decidi experimentar o DR.WEALTHY, entrei em contato com ele e expliquei o meu problema. Em apenas 6 dias, minha esposa não apenas voltou para mim, mas agora adora sexo e não tem mais medo disso. DR.WEALTHY é realmente um homem talentoso e eu não vou parar de falar sobre ele porque ele é um homem maravilhoso. Se você tiver algum problema e estiver procurando um lançador de feitiços real e genuíno para resolver esse problema para você, DR.WEALTHY é a resposta para o seu problema.
ResponderExcluirAqui está o contato dele. wealthylovespell@gmail.com ou +2348105150446
Quero agradecer ao DR.WEALTHY por trazer alegria e felicidade ao meu relacionamento e à minha família. Perdi meu noivo e precisei de ajuda até encontrar o DR.WEALTHY um lançador de feitiços masculino, e ele me garantiu que recuperarei minha noiva em dois dias após o lançamento do feitiço. dois dias depois, meu telefone tocou e, de maneira chocante, foi minha noiva que não me ligou por muito tempo, pediu desculpas pelo coração partido e me disse que está pronta para dedicar o resto de sua vida comigo. DR.WEALTHY a soltou para saber o quanto eu a amava e a queria ...... agora eu e minha noiva estamos vivendo uma vida feliz e nosso amor agora é mais forte do que era antes mesmo de terminarmos.Tudo obrigado ao DR.WEALTHY pelo trabalho excessivo que Ele fez por mim. Abaixo está o endereço de e-mail dela em qualquer situação em que você esteja sofrendo um infarto, e garanto que, como ele fez o meu por mim, ele definitivamente o ajudará também. Email: wealthylovespell@gmail.com Whatsapp +2348105150446
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