sábado, 25 de fevereiro de 2017

Qual é o mais perdido dos homens?

Qual é o mais perdido dos homens?

Antes de responder à indagação inicial, preciso formular outra pergunta: o que nos impede de reconhecer o nosso próprio desamparo? O orgulho, a autopiedade ou a pulsão de morte?

Muitas vezes — bem mais do que admitimos —, o orgulho nos impede de admitir o fracasso, por maior e mais profundo que seja o abismo em que mergulhamos. Para não demonstrar fraqueza, vestimos uma armadura de titânio, para esconder um corpo frágil e descartável, que verte o sangue dos mortais, embora aparente ser forte e indestrutível.

Outras vezes, porém, é o sentimento de autopiedade que nos move. Desejamos capturar a comiseração do outro para a nossa dor, atuando, no teatro da vida, como coitadinhos que renunciam ao paraíso e decidem viver no Hades por vontade própria. A piedade que temos com o nosso próprio sofrimento precisa ser confirmada por todos, para nos dar razão, quando nos prostramos diante do fracasso.

Mas a razão mais frequente, para não pedir ajuda, é a pulsão de morte, que alimenta o circuito fechado da autossabotagem, até que o sujeito se torne o objeto do seu próprio desígnio de autodestruição. Quando se aniquila atinge o gozo...

Qual é, então, o mais perdido dos homens?

É o que não sabe a hora certa de pedir ajuda!

Jorge Araken Filho, apenas um coletor de palavras perdidas nos ermos do tempo.

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