sexta-feira, 29 de maio de 2015

Desenvolva a capacidade de escutar

Desenvolva a capacidade de escutar

Seja sincero diante do espelho! Se mentir, estará enganando a si próprio, e não a mim:

Nos seus relacionamentos, nesses que você chama de "amor", você costuma escutar o que não se relaciona aos seus próprios desejos e necessidades?

Você vê o outro como ele mesmo, nas suas dissonâncias e inquietudes, naquilo que se opõe aos seus desejos, ou só o vê quando é seu espelho e reflete a sua luz e as suas ilusões sobre você mesmo?

Mude a perspectiva do olhar e veja algo que não tenha a ver com você mesmo!




Caminhos errados também são caminhos

Caminhos errados também são caminhos

Não existem portas inúteis ou erradas! Quando nos perdemos é que encontramos o caminho.




Capacidade de pensar

Capacidade de pensar

Devemos "criar" seres pensantes, e não Narcisos caçadores de curtidas que escondem o desamparo. . .




A mídia controla a massa

A mídia controla a massa

Nessa lógica consumista, em que tratamos pessoas como objetos, simplesmente exploramos o outro, consumimos a sua energia vital e o descartamos, reiniciando o ciclo de exploração em outra vítima, que nos dará prazer instantâneo até que também seja descartada, numa fila que anda mais rápido que a nossa felicidade, que nunca alcançamos verdadeiramente.

Enfeitiçados pelo brilho da televisão, perdemos a magia do encontro, da interação criativa, olho no olho, a capacidade de escutar o outro, de partilhar e compartilhar sonhos e desenganos ou simplesmente amar.

Ficamos homogeneizados na mesmice, pasteurizados na futilidade, vivendo outras vidas, longe do nosso self.

Domesticados e assépticos, castamente vestidos com a arrogância do politicamente correto, somos prisioneiros de uma existência sem sabor, sem sons, sem cores e sem a contemplação ociosa da natureza. Estamos longe do “dolce far niente”, aquele estado de paz e brandura, quase letárgico, que nos permite o encontro com as nossas sombras. . .

Aflitos e angustiados, muitos nem reparam nas praças e ruas, que atravessam mecanicamente, absortos em seus fones de ouvido, mergulhados nas "redes antissociais", interagindo com seres distantes, raramente humanos, que chamam de “amigos”. Empobrecidos no espírito, só desejam enganar a solidão.

Como aqueles pequenos insetos que circundam as luminárias, ou como animais ofuscados pelos faróis de um carro, permanecemos estáticos, quase mudos, hipnotizados com as luzes do aparelho de 50 polegadas, “ULTRA HD”, com “zilhões” de pixels, que sequer percebemos com a nossa pobre visão, frágil e contingente, como tudo que é humano.

Perdemos a visão além do olhar, aquela capacidade de paralisar a agitação do cotidiano, de abstrair a pressa de não fazer nada, para ouvir o canto de um pássaro ou contemplar as acácias em um Parque urbano.

Mergulhamos no mundo do consumo e das mensagens sub-reptícias, que nos ensinam como devemos ser em nossas vidas, como devemos reagir diante das contingências do destino. Deixamos de ser e de agir como indivíduos, com vontades e desejos próprios, para vivenciar roteiros de felicidade alheios, difundidos nas telinhas de HD, estilos de vida estranhos ao nosso mundo, mas associados aos produtos de consumo das grandes corporações.

Mais glamourosos do que a minha a própria vida sem autoestima, pobre no aspecto material e miserável no espiritual, os roteiros da novela das oito e do “reality show” permitem-me experimentar, mesmo na ilusão, o que não acho possível alcançar na minha realidade prosaica.

No tempo em que se cultuavam os livros, aqueles objetos anacrônicos, feitos de papel, que os “homens primitivos” consumiam, havia a pausa criativa, a pausa da reflexão, em que digeríamos o que o autor escreveu e nos posicionávamos diante das ideias, concordando ou discordando, mas assumindo uma posição no mundo.

Agora, no tempo da televisão, em que os quadros e imagens se sucedem num ritmo frenético, a única pausa para a reflexão são os intervalos comerciais, que servem para a ida ao banheiro, na melhor das hipóteses, ou para a mensagem subliminar das grandes corporações, na pior. Durante os programas, não temos tempo sequer para pensar e digerir a mensagem; quando paramos para refletir sobre algo, mesmo que seja para concordar, perdemos os quadros seguintes.

Como animais domesticados, devemos engolir tudo sem refletir. . . “Time is money”, dizem os americanos! Tradução: se já pensaram por nós, não perdemos tempo pensando!

A multidão absorve-nos em suas correntes homogêneas, que nos fazem pensar horizontalmente, sabendo pouco de tudo e tudo de nada.

Nunca aprofundamos o conhecimento e a discussão das ideias que nos vendem como pensamento monolítico. Permanecemos amordaçados com os limites de palavras das redes sociais, que não desejam formar pensadores, mas legiões de seguidores, seres mudos e conformados, quase monossilábicos, que falam tudo, mas nunca dizem nada.

Basta uma fotografia no “Instagram”. Os “selfies” nos definem: seres vazios por dentro e egocêntricos, anestesiados em contemplação narcísica, buscando desviar para a imagem os olhares alheios, antes que percebam a criancinha indefesa e triste que se esconde por dentro.

Inseguros com o que somos, preferimos esconder os podres da existência, buscando a aceitação dos falsos amigos, quase todos virtuais, que só nos seguem para ver os deslizes que cometemos nos caminhos da vida. Cada tropeço que cometemos confere um prazer misterioso e instantâneo aos que se nutrem da desgraça alheia, aos abutres humanos, vampiros de alma que se sentem superiores quando nos vem por baixo, e não quando sobem, eles próprios, os degraus da felicidade.

E aquela indiferença metafísica nos domina, transformando pessoas de carne e osso em autômatos, seres solitários e antissociais, conectados na ilusão e desconectados da felicidade real, vivendo um tédio fantasiado de glamour. Entorpecidos, anestesiados, mudamos o canal, com os dedos aflitos, percorrendo as teclas do controle remoto, em busca de sentido para a vida tediosa a que nos condenamos. . .

Consumidos pela urgência, deixamos de dar às nossas recordações a sua exata dimensão. Não apreciamos os caminhos já percorridos, como fazia o grande Marcel Proust, recorrendo a analepses profundas, que recuavam no tempo das suas memórias. Esquecemos os cheiros da casa materna, os sons e paisagens da infância, os pequenos momentos da vida, que importam muito mais do que o destino final, que é sempre a morte. A vida é o caminho, e não o ponto de chegada; é o trem, e não a estação!

Hipnotizados pela fantasia da felicidade no consumo, vivemos a perseguir sonhos que nunca alcançamos, como Tântalo, Rei da Frigia, o personagem mitológico, filho de Zeus e da princesa Plota, que trocou o manjar dos Deuses do Olimpo pela carne de seu próprio filho, Pélope, sendo condenado a nunca mais ter a sua fome e sede saciadas. Sempre que se aproximava da água ou de uma árvore frutífera, elas se afastavam, num suplício eterno, que o permitia sentir a proximidade do alimento e da água, sem que pudesse alcançá-las: tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe!


Refugiamo-nos na fantasia, para não ver a realidade.


Maluco beleza

Maluco beleza

Abandonei a lucidez que me oprimia!

Fiquei louco? Pode ser. . .

Mais louco, porém, é esse mundo de lúcidos que imaginam saber as respostas para perguntas que não importam. . .


Monólogos coletivos da modernidade

Monólogos coletivos da modernidade

Para não ser anacrônico, tento não perder a vista a subjetividade do meu tempo, ao olhar as redes sociais e suas interações aparentes.

Não quero ser saudosista, nem profeta do apocalipse, mas tenho medo das relações efêmeras e superficiais que estamos criando.

Aparências que encobrem realidades sem glamour, laços de afeto criados sem o toque da pele, sem olhos nos olhos, reputações que se perdem no preconceito, comentários que liberam os demônios ocultos em cada um de nós.

Não tenho o dom da profecia, mas o caminho da tecnologia, depois de um ciclo de catarse de emoções reprimidas, vai acabar chegando ao diálogo aberto, que acolhe o que não é espelho.

Posso não estar vivo até lá, mas o ser humano sempre recupera o uso da razão, quando está em jogo a sua sobrevivência.

Sei que não vivíamos no paraíso antes das redes sociais, mas também não podemos nos acomodar com o mau uso da tecnologia.

Viver sem conflitos e impasses é uma utopia que não desejo, porque nos levaria ao tédio e à acomodação. Mas não podemos usar as redes sociais para alimentar o Narciso que habita cada um de nós. A virtude está no equilíbrio. . .

As relações virtuais, mesmo quando estimulam o diálogo criativo, não podem substituir as reais, mas devem estar articuladas com elas.

Os monólogos coletivos, esses que mantemos com os nossos smartphones, quando ignoramos as pessoas em volta, não podem substituir o diálogo com quem está do nosso lado.


Ao conectar-se com o "amigo" virtual, não se desconecte do real. Crie diálogos com o outro, e não monólogos com o seu smartphone!


A você, consumidor obsessivo, uma advertência:

A você, consumidor obsessivo, uma advertência:


Seu modelo de celular, essa maravilha tecnológica, a melhor invenção de todos os tempos da última semana, que você está comprando nesse exato instante, irá se autodestruir oito meses antes de você pagar a última parcela!


Pobres de espírito

Pobres de espírito

"Quer pouco: terás tudo.
Quer nada: serás livre.”
(Ricardo Reis, Heterônimo de Fernando Pessoa, in "Odes". Lisboa: Ática, 1946. Imp. 1994. p. 125).



Identificação com o outro

Identificação com o outro

Muitas vezes, infelizmente sem perceber, somos capturados e enlaçados por um comportamento do outro, por um sentimento ou por um jeito de agir e reagir que é dele, e não nosso.

E nos identificamos de tal forma com esses traços alheios, que nos tornamos cópias mal acabadas do outro.

Acabamos reduzidos a viver a vida do outro, longe dos nossos amigos e parentes, desconectados do nosso self, quase reféns de uma aranha sedutora, a viúva negra, que nos envolve em suas teias.

Muitos acordam tarde demais, e não chegam a perceber que se transformaram em insetos, atraídos para a morte física ou emocional.

E acabam devorados depois do gozo. . .

Por isso, relacione-se com a incompletude e supere o desamparo, para não se buscar no outro!


Aprender isso no fim da vida será tarde demais...





Quem muito acusa, confessa. . .

Quem muito acusa, confessa. . .


O processo de amadurecimento ensinou-me a ter cuidado com as fantasias, projeções e idealizações: o que muito me incomoda no outro provavelmente é meu.


A subjetividade do olhar

A subjetividade do olhar

Embora fale da subjetividade do olhar psicanalítico, a advertência de Jacques Lacan serve para todos os campos do saber humano, servindo para desengessar alguns profissionais sonolentos e conservadores, que se escravizam a velhos dogmas e paradigmas:


 "Deve renunciar à prática da psicanálise todo analista que não conseguir alcançar em seu horizonte a subjetividade de sua época" (LACAN, J. Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 1998).


Recuso-me a fazer parte do seu clube

Recuso-me a fazer parte do seu clube

Groucho Marx, pseudônimo de Julius Henry Marx, notável comediante norte-americano, era conhecido por suas frases de efeito:

1) "Eu nunca faria parte de um clube que me aceitasse como membro";

2) "Eu nunca esqueço um rosto, mas, no seu caso, vou fazer uma exceção";

3)  "A política é a arte de procurar problemas, encontrá-los em todos os lados, diagnosticá-los incorretamente e aplicar as piores soluções";

4) "Eu devo dizer que acho a televisão muito educativa. No momento em que alguém liga a televisão, eu vou à biblioteca e leio um livro";

5) "Antes que eu discurse, tenho algo importante para dizer";

6) "Existe uma forma de descobrir se um homem é honesto - pergunta-lhe. Se te responder que sim, é porque é um patife";

7) "Uma cama de hospital é um táxi estacionado com o taxímetro a correr";


8) "Por detrás de todo o homem de sucesso está uma mulher, e por detrás dela está a sua esposa".


Culpa

Culpa


Nessa guerra sem trincheiras, somos opressores e oprimidos. Culpamos a nós mesmo e, no processo de superação da dor, tentamos nos livrar da culpa, jogando-a nos ombros alheios.


Diálogos com o alterego: gozo fingido

Diálogos com o alterego: gozo fingido


Poupa-me da tua falsidade, que eu te poupo do meu desprezo!


quarta-feira, 27 de maio de 2015

Quem ama, liberta. . .

Quem ama, liberta. . .

Se você deseja viver um amor verdadeiro, que não transite pela necessidade ou pela falta de amor próprio, descole um pouco do parceiro, deixe-o respirar a liberdade de estar sem você, desfrutar da sua ausência, descobrir o que você significa na vida dele, a falta que você faz, quando não está por perto.

Quando o aprisiona aos seus desejos, a linha se rompe, e ele se vai.

Deixe-o livre para voar. . .


É no espaço da ausência que se valoriza a presença. O resto é carência afetiva.


Cordialidade é tratar o próximo com o coração. . .

Cordialidade é tratar o próximo com o coração. . .

A cada dia que passa mais me espanto com a intolerância nas redes sociais! Tudo é desculpa para reduzir o outro a um arquétipo universal, do bem ou do mal, como se não convivessem em todos nós a imagem de Deus e do diabo. Tudo é motivo para o “apartheid” virtual: a religião ou a sua ausência, a opção política ou sexual, o time de futebol; tudo divide os homens, segrega os inconformados e excluídos da fortuna ou desconectados dos padrões uniformes de beleza; qualquer divergência basta para castrar os espaços de liberdade, reduzindo as pessoas a categorias desumanizadas e excludentes, que se desconectam umas das outras.

O mito da cordialidade do povo brasileiro, tão decantado em prosa e verso, não resiste ao mais breve passar de olhos pelo Facebook ou pelo Twitter.

No trânsito, não seria exagero reconhecer um genocídio disfarçado de modernidade, uma competição desenfreada e neurótica pelo espaço das ruas, uma corrida para ter a preferência e chegar alguns segundos antes do outro. Ninguém percebe que o destino é sempre a morte. . . Quanto mais rápido se caminha, menos se percebe o percurso. E a vida é o caminho, e não o destino!

Nas calçadas, matam-se pessoas por bicicletas e celulares, que são vendidos por alguns tostões a compradores, pretensiosamente "espertos", que acabam sendo vítimas da própria "esperteza" mais adiante. Alimentam o "monstro" que um dia haverá de devorá-los. . .

Nos estádios, o jogo é o que menos importa; na verdade é um mero detalhe nessa guerrilha sem causa a quem não é da minha turma. Muitos sequer sabem o resultado da partida. . .

Os que tombam pelo caminho, vencidos pela violência, transformam-se em estatística para os meios de comunicação. Surgem especialistas em previsões do passado, profetas da tragédia acontecida, sábios de gabinete que desafiam autoridades, questionam modelos, mas não oferecem alternativas concretas, algo além das bravatas na televisão e nas redes sociais.

Pessoas dignas, mas imaturas; indignadas, mas tolerantes às suas próprias falhas, avessas ao espelho que revela além das fantasias que alimentam sobre si mesmas; gente que troca ofensas por questões mínimas, quase sempre falta de diálogo e, não raro, simples arrogância ou, talvez, para compensar a baixa autoestima.

Por mais que tente encontrar um traço humano em certas manifestações de agressividade gratuita, ainda me impressiono com a obsessão preconceituosa de algumas pessoas nas redes sociais.

Palavrões e ofensas que sepultam a interação criativa, demonstrando que a falta de argumentos e, sobretudo, de civilidade e tolerância pode levar à desconstrução do humano que havia em nós. Num simples comentário, esvai-se a fraternidade e ficam os ódios por saciar. . .

“A crueldade tem humano coração, 
E tem a intolerância humano rosto; 
O terror a divina humana forma, 
O secretismo humano traje posto.

O humano traje é ferro forjado,
A humana forma, forja incendiada,
O humano rosto, fornalha bem selada, 
Humano coração, abismo seu esfaimado. “
(Uma Imagem Divina. Poema de William Blake, in "Canções da Experiência". Tradução de Hélio Osvaldo Alves )

Ao invés da interação criativa, que une os contrários, revelando a diversidade, muitos preferem acirrar os conflitos entre os seres humanos, aprofundando o fosso que nos separa em pobres e ricos ou que nos define pela sexualidade, cor da pele, opção política ou religiosa e por outras formas de segregação.

A visão multicultural, que transita pela diversidade, não implica na aceitação cega do pensamento dominante, mas no reconhecimento da dúvida como elemento essencial à evolução humana. Se os homens não questionassem o conhecimento monolítico do seu tempo, ainda estaríamos nas cavernas, imaginando que a Terra seria o centro do Universo ou que voar seria um sonho impossível.

Pessoas inocentes, manipuladas sem perceber, aprisionam-se aos interesses da mídia e de políticos matreiros, quase sempre alugados ao poder econômico. Julgam as atitudes e o caráter dos "amigos virtuais" e ofendem a honra de autoridades que sequer conhecem, por motivos que apenas supõem ser verdadeiros. E dizem amém a outros, não raro de caráter duvidoso. . .

Muitos não passam de palpiteiros mal amados, sem lastro intelectual e, muitas vezes, moral, gente tosca e de poucos neurônios que não percebe a irrelevância dos seus comentários raivosos. Nada acrescentam, nada constroem e ainda tentam desconstruir o que os outros fazem. Simples papagaios que repetem impropérios que não compreendem por motivos que desconhecem.

Mergulhados no próprio umbigo e bebendo o veneno que destilam pela boca, sempre cheia de palavras alheias, buscam saciar seus desejos de reconhecimento e aceitação, menosprezando os que ousam viver a felicidade que não alcançam. Tentam reduzir o outro à sua própria estatura, para dar significado à sua vida esmaecida e sem cores.

Quando encontram eco para os seus gritos e suposições vagas, sequer percebem que o "amigo" virtual, que curte ou compartilha as suas tolices, possui interesses inconfessáveis, quase sempre econômicos, para fazer ecoar a mentira que o inocente útil repete com a aparência de verdade.

Cheios de certeza, enfastiados do próprio ego, opinam por ouvir dizer que tal pessoa é a personificação do mal ou que determinado político é intrínseca e inevitavelmente corrupto. E outro, sabe-se lá por que mecanismo obsessivo e maniqueísta, é representado como a humanização do divino, sempre certo e bondoso.

Tratam os políticos como pais e mães da pátria, que devem ser religiosamente seguidos ou visceralmente odiados. Não há o meio termo onde transitam os humanos, com falhas e virtudes, o espaço do confronto dialético para a construção de algo melhor.

Quando lhes perguntamos por que chegaram a essas conclusões, respondem, pela boca e ouvidos alheios, que os jornais disseram isso e aquilo ou, confessam alguns, leram no Facebook, o guardião das certezas, o repositório das verdades eternas.

E essas versões da realidade, filtradas pela maledicência ou, não raro, por intenções escusas, passam a ser a única realidade possível para essas pessoas manipuladas e egocêntricas, que se encastelam numa visão excludente e preconceituosa da realidade que não conhecem.

Essa dicotomia maniqueísta, em que tudo que vem de um lado é bom e tudo que vem do outro é mau, além de egocêntrica e narcísica, revela uma obsessão pelo controle da verdade. Estou sempre certo, e todos os que sigo personificam a santidade!

Iludidos por essa sensação de superioridade intelectual e moral, muitos fazem da mente um depósito de suposições alheias, raramente transformadas por reflexão própria. Simplesmente arquivam verdades e certezas! Em um dia de fúria, tiram-nas do armário, despejando nas redes sociais o seu doce veneno. . .

Essas personalidades egocêntricas precisam de tratamento psicológico e, para os mais empedernidos, talvez psiquiátrico!

Se você tem sempre muitas certezas, acha que está sempre certo, que as suas opiniões são sempre as melhores, que o seu caráter é digno de canonização, que os outros estão sempre errados, quando não refletem o Narciso que você vê no seu espelho, vou revelar um segredo: você raramente está certo! Isso é transtorno de personalidade!

Pense bem, isso não mata, mas redime. . .

Você já percebeu que é sempre o mais honrado dos homens? Que está sempre certo? Que todos estão errados ou merecem as suas censuras morais e intelectuais?

Sabe o que é isso?

É megalomania, mas conhecida como transtorno de personalidade narcisista.

Ficou complicado?

Eu traduzo: é esse delírio ou fantasia de onipotência, grandeza, poder e relevância que se descola da realidade medíocre da sua vida interior, exagerando crenças, virtudes e competências que você não possui.

Leia o texto que escrevi sobre a linguagem silenciosa do preconceito e procure os sintomas do seu mal. Ele tem cura!