sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A parte submersa do iceberg

Quantas pessoas, melhores do que eu, mais maduras, talvez, acabaram seduzidas pelo meu canto de sereia, a pequena porção consciente e visível do meu ser, e naufragaram na desilusão e no sofrimento, atingidas pela parte submersa do meu iceberg, onde se escondem os meus medos, recalques, fantasias, desejos irracionais e egoístas, compulsões e impulsos agressivos?

Quantas vezes eu mesmo, quando vi no outro a minha parte invisível e submersa, acabei fugindo das águas quentes e plácidas do lago do amor e da verdadeira amizade, para navegar em mares traiçoeiros, cheios de icebergs, ardilosamente ocultos sob a camada superficial de pessoas de gelo?

Quando alguém foge de nós, a primeira atitude de defesa do ego, reação inconsciente à dor, é buscar culpados para as nossas próprias culpas, sem perceber que a mente humana, como um iceberg flutuando no oceano, tem uma grande porção submersa, que não vemos, mas pode atingir o outro antes que ele alcance a nossa parte visível.

Somos pródigos em apontar o dedo, mas não olhamos abaixo da superfície do nosso próprio ego, fugindo do que somos, para não assumir que muita gente boa naufragou em nossas geleiras submersas. . .

Por medo de olhar para dentro, escolhemos ser vítimas do Titanic, quando, na verdade, somos o iceberg que o afundou. . .

Jorge Araken faria da Silva Filho, apenas um iceberg à procura de suas profundezas ocultas.


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Passado, presente e futuro. . .

Receita da infelicidade: remoer o passado, esquecer do presente e viver no futuro!


Nós e as amebas. . .

Duvide, resista, reme contra a corrente e não abdique da capacidade de pensar! Geneticamente, essa é a maior diferença entre você e uma ameba!


Nem tudo é como dizem ou como parece ser!

Pense, d

Apenas uma gota d'água

Solitário, andarilho sem destino, sou, no mundo, “como uma gota de água que à procura de outra gota no oceano se encontrasse, e que, ao cair ali, toda desejos de achar a companheira, desaparece na busca, sem ser vista” (Palavras de Antífolo de Siracusa a seu criado, Drômio de Éfeso, na Peça “A Comédia dos Erros”, de William Shakespeare, Ato I, Cena II).


Vida de gado

Depois da reeleição de alguns personagens das páginas policiais e, ainda, de candidatos que fazem do escárnio o seu único projeto de atuação parlamentar, começo a refletir sobre a frase de Charles Chaplin, dita pela voz de Calvero, o palhaço que interpreta em "Limelight" ("Luzes da Ribalta"):

- "A multidão é como um monstro sem cabeça: nunca se sabe que caminho irá tomar; pode ser conduzida em qualquer direção.”

“Ê, vida de gado”, dizia o grande Zé Ramalho:

“Vocês que fazem parte dessa massa,
Que passa nos projetos do futuro.
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber.
E ter que demonstrar sua coragem
A margem do que possa aparecer. 
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer.

Eh, ôô, vida de gado,
Povo marcado, ê
Povo feliz!
Eh, ôô, vida de gado,
Povo marcado, ê 
Povo feliz!”

Depois das manifestações do ano passado, que clamavam por mudanças, ainda muito distantes da realidade das urnas, começo a imaginar que somos apenas carneiros: bastam dois "guias", um "marqueteiro" e um Instituto de Pesquisas, financiados por interesses escusos, para nos conduzir ao abate. . .

A rebelião das massas transformou-se em utopia, sonho cada dia mais distante nesses tempos de redes sociais, onde caminham, conduzidos pelo cabresto, os nossos rebeldes sem causa, que ouvem, mas não escutam; leem, mas não refletem; acreditam, mas não duvidam.

Mas, afinal, ainda há esperança, onde sobrevive a utopia. . .

Jorge Araken Faria da Silva Filho, um Escrevinhador sem Folhas, apenas alguém que deseja libertar-se dessa vida de gado!


Lutando contra nós mesmos. . .

Muitas vezes, quando imaginamos enfrentar o destino, lutamos contra nós mesmos. . .



Novo significado para os nossos caminhos

Dar sentido à vida não é encontrar um novo destino, mas, quem sabe, dar um novo significado ao caminho. . .


terça-feira, 14 de outubro de 2014

Esquecer a dor não é superar

Quando tentamos esquecer o sofrimento, recalcando-o no inconsciente, apenas alimentamos uma ilusão, temporária e imatura, de alívio, uma simples defesa do ego que não sabe lidar com a dor.

O esquecimento não supera o trauma, simplesmente anestesia a consciência, deixando o sofrimento em estado latente.

A dor psíquica, em especial a que vivenciamos na separação amorosa ou na morte do ser amado, traduz, na verdade, uma reação defensiva de quem busca reencontrar-se depois de uma ruptura traumática com o objeto do seu amor.

Amadurecer é superar a dor, e não se iludir com o esquecimento; é aprender com o trauma, para se reencontrar; é unificar o próprio eu que, ficou esquartejado entre o amor e a ausência.

Devemos viver as nossas dores, para não repetir as suas causas!


Jorge Araken Faria da Silva Filho, apenas um Escrevinhador sem Folhas.


A fuga impossível

A única fuga verdadeiramente impossível é de nós mesmos. Os traumas reprimidos viajam conosco, soterrados no inconsciente, e um dia nos mostram que sempre fomos prisioneiros. Quanto mais fugimos da nossa sombra, mais ela nos persegue e mais doloroso é o encontro.

Vivemos apáticos, sem projetos e sonhos, caminhando sem destino, errantes, invisíveis aos olhos do mundo, não porque os outros nos rejeitem, mas porque nos rejeitamos a nós mesmos, fugindo do que somos e autorrealizando nossos piores presságios. “Sem querer querendo”, realizamos o destino de que tanto fugimos.

Só estamos livres quando nos conectamos com o nosso eu mais profundo, buscando no caminho a própria felicidade.

Enquanto rolamos a pedra montanha acima, como Sísifo, só o caminhar nos serve de recompensa. A felicidade está na existência, e não no objetivo a ser perseguido. No fim do arco-íris não existem potes de ouro, só a morte e o esquecimento, que logo se segue ao luto!

Entretanto, se você não sabe aonde vai, nenhum vento é favorável, dizia Sêneca!

Mas não se iluda: o nosso destino é colher o que plantamos! Se você já se sente um perdedor, e ainda não conhece as suas próprias armas, a batalha está perdida antes de começar!

Pare de criticar e comece a agir! Pare de julgar e se olhe no espelho!

Jorge Araken faria da Silva Filho, apenas um Escrevinhador sem folhas, alguém que sempre fugiu de si mesmo e, agora, mergulhando no caos, luta contra seus próprios demônios.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O caráter atemporal dos mitos e lendas

A propósito dos mitos e lendas, tema de alguns textos que escrevi no meu Blog, lembro, como obra de referência, o livro “Mito e Significado”, do Antropólogo Claude Lévi-Strauss:

“As histórias de caráter mitológico são, ou parecem ser, arbitrárias, sem significado, absurdas, mas apesar de tudo dir-se-ia que reaparecem um pouco por toda a parte. Uma criação ‘fantasiosa’ da mente num determinado lugar seria obrigatoriamente única – não se esperaria encontrar a mesma criação num lugar completamente diferente.” (Lévi-Strauss, Claude. Mito e Significado. Tradução de António Marques Bessa. Edições 70, Lisboa. 1978. p. 20).

Os mitos (de Sísifo, de Édipo, da Cinderela, do Príncipe Encantado e outros) aparecem em todas as culturas, desde a velha China, passando pela antiga Grécia, por Roma e chegando aos dias atuais, com mais ou menos a mesma essência, mostrando, talvez, que existe algum tipo de ordem por trás dessa aparente desordem ou, quem sabe, algum simbolismo que reflete um comportamento humano presente em todas as culturas.

Muitos intelectuais, sérios e respeitados, não os levam a sério, e até desdenham da linguagem simbólica e arquetípica dos mitos e lendas, qualificando-os como fantasiosos e irreais, oferecendo resistência, talvez por impulso do inconsciente, às verdades que os mitos veiculam.

Para vencer as resistências do nosso eu consciente, aprendemos brincando e, por vezes, desdenhando, como se os mitos, representando arquétipos humanos, não contivessem verdades do nosso inconsciente coletivo. Os mitos, embora se sustentem nos sentimentos ou, como preferia Carl Gustav Jung, nos “reflexos comportamentais” ou sintomas de personagens do imaginário popular, representam tipos humanos que se repetem em todas as épocas.

Mas talvez seja mais fácil burlar a censura do nosso eu consciente, fazendo chiste sobre os mitos e lendas, considerando-os infantis.

Se os levarmos a sério, veremos as nossas próprias verdades interiores, que nem sempre gostamos de ver. . .


Imaturidade é alhear-se de si próprio, para viver outras vidas. . .

Quanto mais nos alienamos do nosso verdadeiro eu (“self”, diria Carl Jung), na ilusão de viver outras vidas, mais nos aprisionamos aos medos e angústias que antecipam os nossos traumas. Nós os vivemos na imaginação, antes da própria vivência concreta. Sofremos por antecipação, escravizados a modelos e paradigmas que não nos definem nem capturam a nossa essência. Os julgamentos que fazemos sobre nós mesmos, quase sempre mais severos que o olhar alheio, acabam por nos prender ao molde de outras vivências. O outro é sempre melhor!

Por imaginar que não existem outros caminhos, criamos a realidade que, por medo ou insegurança, tentamos evitar!

Vagamos, sem identidade, por uma existência que não é a nossa, nem é vivida no presente, mas num passado de tormentos reprimidos no inconsciente, nunca amadurecidos pela compreensão, e num futuro de angústias, que criam os enredos que acabam acontecendo, não porque fossem o nosso fado cruel e infalível, mas porque nós os perseguimos, movendo as engrenagens do destino.

É o inconsciente moldando a vida consciente. E o ego, tentando alhear-se ao que se passa na parte submersa do iceberg, prefere a atribuir as nossas desventuras ao destino.

É uma reação defensiva do ego crispado pela dor. . .

Quando olhamos para nós mesmos, antes de olhar para o outro, percebemos que a humildade, mais do que retórica, deve ser um exercício reflexivo, um olhar sobre nós mesmos, sobre como vemos o mundo e como somos vistos por nossos próprios olhos. Construir sobre si próprio é a base da transformação!

Você já se olhou no espelho hoje? Não me refiro ao do banheiro, mas ao espelho da introspecção, que reflete a nossa imagem verdadeira, quando nos despimos da arrogância.

Quem é você? Qual é a sua essência? Responda a essas perguntas antes de olhar com desdém o ser humano que está ao seu lado, mas você não vê, ou que está perdido nas redes sociais, entre enganos e desenganos!

Para construir um ser humano melhor, precisamos conhecer o nosso eu mais profundo, o material de que somos feitos, para ver, então, que não somos diferentes do morador de rua que escolhemos não ver na calçada. Precisamos trabalhar sobre nós mesmos, antes de julgar o outro!


Só depois do processo de individuação, doloroso e difícil, que nos integra em nós mesmos, tornando-nos conscientes do nosso eu mais profundo, podemos encontrar a paz e a felicidade verdadeiras, percebendo, enfim, que a unidade só encontra sentido no coletivo!


domingo, 12 de outubro de 2014

Novos e velhos sonhos. . .

Ando meio desiludido com a vida. . .

Quando li o conselho do grande Steve Jobs, ao invés de alimentar a esperança em antigos sonhos que não realizei, comecei a me fazer uma pergunta:

- Como sonhar novos sonhos, se estou preso a sonhos antigos?

Acho que estou tentando encontrar esperança num futuro diferente dos meus velhos sonhos, pensando que o que ainda poderá ser, sonhando novos sonhos, será muito melhor do que o que poderia ter sido, se eu continuasse preso a antigos sonhos.

Quem sabe cada sonho que eu deixo para trás é um novo sonho que  se constrói num futuro ainda melhor, que ainda poderá existir?

Insistir em antigos caminhos nem sempre significa felicidade. Muitas vezes, só renunciando a antigos sonhos podemos nos permitir novos sonhos, trilhando caminhos improváveis, mas desafiadores.


sábado, 11 de outubro de 2014

Ilusões. . .

Nessa vida de ilusões e amores sombrios, ando a tatear no escuro, desejando uma mulher feita de música, luar e sentimento. . .

“O morro, a cavaleiro da cidade, cujas luzes brilham ao longe. Platô de terra, com casario ao fundo, junto ao barranco, defendido, à esquerda, por pequena amurada de pedra, em semicírculo, da qual desce um lance de degraus. Noite de lua, estática, perfeita. No barraco de Orfeu, ao centro, bruxuleiam lamparinas. Ao levantar o pano, a cena e deserta. Depois de prolongado silêncio, começasse a ouvir, distante, o som de um violão plangendo uma valsa que, pouco a pouco, se aproxima, num tocar divino, simples e direto como uma fala de amor. Surge o Corifeu.

CORIFEU

São demais os perigos desta vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Ai então e preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.
Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita. . .
Uma mulher que é como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento” (Moraes, Vinícius. Orfeu da Conceição: tragédia carioca. Peça premiada no concurso de teatro do IV Centenário de São Paulo. Edição especial ilustrada por Carlos Scliar, Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1956. Primeiro Ato. p. 17)

Vou pedir licença ao “capitão do mato Vinicius de Moraes, Poeta e Diplomata, o branco mais preto do Brasil, na linha direta de Xangô”. “Saravá! A bênção, que eu vou partir”

Quem sabe, com as bênçãos do meu poeta, eu encontro uma mulher feita

“De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita. . .
Uma mulher que é como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento”

Sofrimentos trocados doem menos. . .

Jorge Araken Faria da Silva Filho, apenas um Escrevinhador sem Folhas, alguém que começou a descobrir as dúvidas para tantas certezas. . .





sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Fugindo da própria sombra. . .

Muitas vezes, na tentativa de esconder os podres da alma, tentamos acomodar os fatos aos nossos desejos, fazendo da suposição especulativa a realidade fantasiosa que nunca alcançamos. Corremos da nossa própria sombra, na amarga ilusão de que podemos fugir do que somos.

E vivemos infelizes, sem encontrar a autoestima perdida, que vemos um pouco mais distante a cada vez que olhamos no espelho a nossa imagem refletida, quase sempre distante das ilusões que alimentamos sobre nós mesmos.

A felicidade, como uma isca traiçoeira, parece que foi pendurada numa vara de pescar, caprichosamente amarrada ao nosso corpo: quanto mais a perseguimos, mais ela se afasta de nós.


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Um mau remédio é ainda pior que o trauma. . .

Pior do que o trauma, muitas vezes, é o remédio que usamos para curá-lo: em alguns casos, o esquecimento do choque traumático, em que admitimos o mal, mas o fazemos submergir no inconsciente (recalcamento, diria Freud); em outros casos, a negação categórica do próprio mal e da dor que nos causou (foraclusão, diria o grande Lacan), em que anestesiamos a consciência (o sentir e o saber), com a recusa absoluta das sensações que o mal evoca, como se o fato e a dor nunca houvessem ocorrido.

A forma como reagimos ao trauma, enfim, a nossa reação de defesa, se não for amadurecida pelo autoconhecimento, pode nos prender ao passado que causa dor, fazendo repeti-lo em ciclos inconscientes de autossabotagem, em que aprofundamos, sem perceber, as nossas cicatrizes, passando-lhes a gilete em cada passo da vida, para reviver antigas dores, como noites eternas. Mudamos alguns personagens da vida, mas o enredo continua o mesmo. . .

A experiência do trauma, desperdiçada no esquecimento ou na negação, acaba não servindo para impedir a sua repetição! Mergulhados na ignorância, deixamos de apreender a significação das vivências geradoras de conflito e desequilíbrio, perdendo a chance de construir significados e valores que, partindo da consciência plena do passado, possam permear novas atitudes e novas respostas aos golpes futuros.

Por imaturidade e medo de sofrer no futuro, acabamos sofrendo no presente, revivendo antigas dores em novos traumas, que não passam de velhos enredos, nascidos da recusa em dar sentido ao sofrimento.

"O que não enfrentamos em nós mesmos será nosso destino", diria Carl Jung!



As expedições do Barão Langsdorff

Aos amantes da história do Brasil, recomendo a leitura d“Os Diários de Langsdorff”, que narram as Expedições do Barão Georg Heinrich von Langsdorff, Médico e Explorador, nascido em Wöllstein, no antigo Ducado de Nassau-Usingen (Alemanha), mas naturalizado russo, pelas Províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais (v. 1), por São Paulo (v. 2) e, finalmente, por Mato Grosso e pela Amazônia (v. 3).

O primeiro volume, que se refere às expedições de Langsdorff no Rio de Janeiro e Minas Gerais, no período entre 8 de maio de 1824 a 17 de fevereiro de 1825, inclui registros documentais do escravismo no século XIX, como a passagem que transcrevo, onde se percebe a sórdida e pouco lembrada aliança entre a Igreja Católica e a escravidão:

"Padre João Marques assegurou-me que a plantação de algodão lhe rende mais do que a sua próspera lavação de ouro no rio das Velhas, além da grande vantagem de ser um trabalho bem mais suportável para os escravos. A lavação de ouro é altamente nociva à saúde e desvantajosa. Ele atribui a essas condições favoráveis o aumento da procriação, na medida em que o número de escravos se eleva consideravelmente a cada ano. As mulheres têm uma vida tranquila, trabalham sentadas e não precisam fazer muito esforço. A maioria é crioula. Somente as moças de má conduta ficam trancadas durante a noite; as outras ficam com seus pais.

Os negros, crioulos, em geral, escravos de todas as cores (mulatos, cabras e outros) são vendidos quando se comportam mal, de forma que reina muita tranquilidade nesta fazenda." (“Os Diários de Langsdorff” / org. Danuzio Gil Bernardino da Silva; tradução Márcia Lyra Nascimento Egg e outros; editores: Bóris Ν. Komissarov e outros. - Campinas: Associação Internacional de Estudos Langsdorff; Rio de Janeiro: Fiocruz, 1997. v. 1. p. 200).

O Padre João Marques Magalhães, proprietário de grandes Fazendas na Região de Lagoa Santa e Curvelo, em Minas Gerais, além de exercer as suas funções eclesiásticas, também era senhor de muitos escravos, que produziam, em seu benefício e da Igreja Católica, nada menos de 3.000 arrobas de açúcar e 1.000 barris de aguardente, cada barril contendo 8 medidas, e ainda cuidavam do seu vasto rebanho de gado bovino.

João Marques era Padre e, nas horas vagas, quando abandonava o púlpito e esquecia a Bíblia, senhor de escravos. . .








quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Política dos factoides. . .

Política, na modernidade, mais do que em outros tempos, transformou-se  na arte de plantar notícias falsas!

Ganha quem fala mal do adversário, quem inventa factoides, e não quem expõe ideias próprias e fala das suas realizações e planos de governo! Programas são peças de museu, elaboradas por intelectuais sem aderência com a realidade, raramente lidas pelos candidatos.

Desinformar para conquistar! É o poder pelo poder.

Não acredito em dez por cento das notícias que se publicam nos jornais e redes sociais, nem no que pode ser verdadeiro, e muito menos no que me cheira a falsidade.

Como mecanismo de defesa, talvez inconsciente, acabei me tornando um cético, que duvida de tudo e de todos, e não acredita em ninguém!

                                            Precisamos matar o Mestre Gepeto e sua fábrica de Pinóquios!




terça-feira, 7 de outubro de 2014

Reflexo no espelho. . .

Assim como ao olho não é possível enxergar-se a si mesmo, senão pelo reflexo no espelho, também somos incapazes de ver o nosso próprio mundo oculto e inconsciente. Só conhecemos as nossas sombras, quando as vemos refletidas em alguém. O que condenamos no outro pode ser o nosso próprio reflexo.



segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Fragmentos na multiplicidade. . .

Quem ama, busca a sua própria individualidade, o seu próprio “eu”, a unidade primitiva que o distingue dos demais seres;

Quem ama, percebe que somos apenas um fragmento na multiplicidade da experiência humana, mas não perde o olhar coletivo, que nos conecta com o outro;

Quem ama, encontra o seu lugar ao sol, mas não faz sombra para ninguém!


Busque a si mesmo e encontre o outro!


domingo, 5 de outubro de 2014

Nem tudo merece perdão. . .

Postagem que li na internet:

"Talvez amar seja isso; perdoar uma pessoa sabendo que ela ainda irá errar um milhão de vezes"

Isso não é amor, é falta de autoestima!

Quem é incapaz de se amar, cobrando atitudes maduras e respeito do outro, acaba perdoando por insegurança, e não porque o outro mereça perdão.

Não culpe as estrelas

Não culpe as estrelas. . .

Você é livre até para votar sem consciência, para alienar seu futuro, alugar a sua vontade, abdicar da razão, mas depois não responsabilize as estrelas por sua natureza de bode. . .

“Essa é a maravilhosa tolice do mundo: quando as coisas não correm bem — muitas vezes por culpa dos nossos próprios excessos — pomos a culpa de nossos desastres no sol, na lua e nas estrelas, como se fôssemos celerados por necessidade, tolos por compulsão celeste, velhacos, ladrões e traidores pelo predomínio das esferas; bêbados, mentirosos e adúlteros, pela obediência forçosa a influências planetárias, sendo toda a nossa ruindade atribuída à influência divina. . . Ótima escapatória para o homem, esse mestre da devassidão, responsabilizar as estrelas por sua natureza de bode” — meditava Edmund, depois de escutar seu pai, o Conde de Gloster, na peça Rei Lear, de William Shakespeare, Ato I, Cena II.



sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Mergulho em si mesmo. . .



Antes de criticar o comportamento de outrem, reagindo por impulso ou preconceito, mergulhe em seu próprio inconsciente, buscando as suas próprias emoções submersas, para encontrar as emoções mais profundas do outro. Só sentimos as vibrações do inconsciente do outro, se imergimos em nosso próprio inconsciente. Ao descer ao fundo de nós mesmos, muitas vezes encontramos o outro e suas emoções incompreendidas.


Cada um é seu próprio argumento

Numa eleição que deveria democratizar o debate, usando as redes sociais como instrumento de comunicação instantânea com o eleitor, percebo muito barulho e poucas ideias. Muita gente gritando sem dizer nada; gente que se escraviza ao que fala e perde a oportunidade de calar. Gente que esquece os princípios da convivência humana e do respeito ao outro, do diálogo construtivo, em que há as dúvidas revelam mais do que as certezas.

Libertar-se de si próprio, para duvidar dos velhos dogmas e, assim, caminhando sem preconceitos, construir novos paradigmas. Escutar mais e falar menos!

Tenho pena de quem  se imagina senhor da razão e do destino, que se considera no centro do universo. Todos estão errados, menos ele, o arauto da moralidade, senhor feudal das grandes ideias.

Desqualificar o interlocutor, com palavrões e adjetivos vagos, quase sempre suposições preconceituosas, para fugir ao diálogo construtivo, é o primeiro sinal de vitória do seu interlocutor que se manteve no plano das ideias.

Seus argumentos não se tornam mais fortes ou incisivos, quando você altera o tom da voz, nem quando reduz a sua linguagem aos palavrões e expressões ofensivas. O português é bem mais rico do que a sua pequena e triste imaginação. . .

Na verdade, para os observadores mais atentos, sobretudo para os que possuem neurônios e sinapses, você não passa de um ser humano frágil, que usa uma armadura de troglodita para esconder uma pessoinha assustada e sem ideias próprias: um gatinho vira-latas que se olha no espelho e vê um leão.

Ofender não é argumentar! Se não sabes debater com ideias, o silêncio é o único caminho que te salva do teu próprio veneno.

Cresce, amadurece e depois vem debater. . .